EPCAR (AFA) 2019

Violência: presente e passado da história
Vilma Homero

Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre 1relações livres, iguais e fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica. 3Organizado pelos historiadores Regina Bustamante e José Francisco de Moura, 4o livro Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema.5Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a antiguidade e ao longo da história humana, 6a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de poder, 7seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos como a violência se manifesta na religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. 8Ou, hoje, no caso dos movimentos sociais, como ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do patrimônio cultural, que significa não permitir que a memória cultural de determinado grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra "violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos de transformação social, no sentido de uma violência revolucionária, usada como forma de se tentar transformar uma sociedade em determinado momento. (...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
9(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de sua humanidade, o réu era declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme propósito de fazer da morte dos condenados 13um espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido religioso e de dominação, cuja função era o reforço, manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente, analisando as transformações políticas do último século. 15"Desde Voltaire até Kant e Hegel, 16acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a 19ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os homens nesse começo do século XXI." O historiador prossegue: "20De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e incompreensões crescentes. 22Na Bósnia ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de entendimento 23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros pode representar a morte." 24Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero, na religião, na cultura e aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes sistemas culturais.

(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.) 


A conjunção OU liga duas palavras OU orações estabelecendo diferentes relações semânticas, como exclusão, alternância ou, até mesmo, inclusão. Assinale a alternativa em que a relação de sentido estabelecida é DIFERENTE das demais. 

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