UFMG 2010

PELÉ: 1000


O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé. Aquele gol que gostaríamos tanto de fazer, quenos sentimos maduros para fazer, mas que, diabolicamente, não se deixa fazer. O gol.

(...) O muito papel que sujamos continua alvo, alheio às letras que nele se imprimem, pois aquela não era a combinação de letras que ele exigia de nós. E quantos metros cúbicos de suor, para chegar a esse não-resultado!

 

Então o gol independe de nossa vontade, formação e mestria? Receio que sim. Produto divino, talvez? Mas, se não valem exortações, apelos cabalísticos, bossas mágicas para que ele se manifeste... Se é de Deus, Deus se diverte negando-o aos que o imploram, e, distribuindo-o a seu capricho, Deus sabe a quem, às vezes um mau elemento. (...) Se a obrigação é aprender, por que todos que aprendem não a realizam? Por que só es te ou aquele chega a realizá-la? Por que não há 11 Pelés em cada time? Ou 10, para dar uma chance ao time adversário?

 

ANDRADE, Carlos Drummond de. O poder ultrajovem. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986. p. 133. (Fragmento).

 

Assinale a alternativa em que a função da(s) palavra(s) destacada(s) no trecho transcrito NÃO está corretamente explicitada entre colchetes.

Escolha uma das alternativas.