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  1. 91

    UFSC 2013

    Tecnologia e comunicação Em relação à comunicação, cada invenção tecnológica que surge tem um forte impacto nas práticas cotidianas e no relacionamento humano. Pensemos, por exemplo, no efeito da criação e da popularização do telefone sobre o ato de escrever cartas. Depois de Graham Bell ter inventado o telefone, as pessoas passaram a escrever cada vez menos cartas e a usar cada vez mais o telefone para comunicações cotidianas. É raro, hoje em dia, alguém escrever uma carta para um amigo de outra cidade para perguntar quais são as novidades. É preferível falar com esse amigo por telefone por alguns minutos. Mais recentemente, o surgimento dos telefones celulares alterou a maneira de usarmos o próprio telefone. O celular apresenta inúmeras vantagens. A mais óbvia delas é a portabilidade, que permite a comunicação sem que seja necessário estar fixo a um lugar. Podemos levar o celular e utilizá-lo, a qualquer momento, em diferentes lugares. Com aparelhos celulares mais modernos é possível até mesmo realizar operações bastante sofisticadas, que não eram sequer imaginadas quando utilizávamos só o telefone fixo tradicional. Por exemplo: o desenvolvimento de uma nova tecnologia já permite que, através de um mapa exibido no visor do celular, seja possível aos pais saber a localização de seus filhos... O computador é mais uma dessas muitas invenções tecnológicas e, atualmente, ocupa cada vez mais lugar de destaque nas práticas cotidianas. Essa máquina é hoje utilizada como meio de transmissão tanto de mensagens escritas e orais como de imagens estáticas (fotografias) e em movimento (vídeos). O computador criou a possibilidade de comunicação escrita entre duas pessoas (e-mail, bate-papo), ou entre várias pessoas (fóruns, espaços abertos para a conversação). Esses diversos tipos de interação podem ocorrer simultaneamente (como nas conversas telefônicas) ou pode existir um espaço de tempo entre a produção do texto e sua leitura. BRAGA, Denise B.; RICARTE, Ivan L. M. Letramento e tecnologia. Cefiel/IEL/Unicamp, 2005- 2010, p. 20-21. [Adaptado]   Considerando a variedade padrão da língua portuguesa escrita, assinale a alternativa que apresenta a reescrita APROPRIADA da frase abaixo, sem perda de sentido. “Depois de Graham Bell ter inventado o telefone, as pessoas passaram a escrever cada vez menos cartas e a usar cada vez mais o telefone para comunicações cotidianas.”

  2. 92

    UNIFESP 2012

    Flor Anônima Manhã clara. A alma de Martinha é que acordou escura. Tinha ido na véspera a um casamento; e, ao tornar para casa, com a tia que mora com ela, não podia encobrir a tristeza que lhe dera a alegria dos outros e particularmente dos noivos. Martinha ia nos seus... Nascera há muitos anos. Toda a gente que estava em casa, quando ela nasceu, anunciou que seria a felicidade da família. O pai não cabia em si de contente. – Há de ser linda! – Há de ser boa! – Há de ser condessa! – Há de ser rainha!   Essas e outras profecias iam ocorrendo aos parentes e amigos da casa. Lá vão... Aqui pega a alma escura de Martinha. Lá vão quarenta e três anos — ou quarenta e cinco, segundo a tia; Martinha, porém, afirma que são quarenta e três. Adotemos este número. Para ti, moça de vinte anos, a diferença é nada; mas deixa-te ir aos quarenta, nas mesmas circunstâncias que ela, e verás se não te cerceias uns dois anos. E depois nada obsta que marches um pouco para trás. Quarenta e três, quarenta e dois, fazem tão pouca diferença...   Naturalmente a leitora espera que o marido de Martinha apareça, depois de ter lido os jornais ou enxugado do banho. Mas é que não há marido, nem nada. Martinha é solteira, e daí vem a alma escura desta bela manhã clara e fresca, posterior à noite de bodas.   Só, tão só, provavelmente só até a morte; e Martinha morrerá tarde, porque é robusta como um trabalhador e sã como um pero. Não teve mais que a tia velha. Pai e mãe morreram, e cedo.   A culpa dessa solidão a quem pertence? Ao destino ou a ela? Martinha crê, às vezes, que ao destino; às vezes, acusase a si própria. Nós podemos descobrir a verdade, indo com ela abrir a gaveta, a caixa, e na caixa a bolsa de veludo verde e velha, em que estão guardadas todas as suas lembranças amorosas. Agora que assistira ao casamento da outra, teve ideia de inventariar o passado. Contudo hesitou:   – Não, para que ver isto? É pior: deixemos recordações aborrecidas.   Analise as afirmações. I. Em –  Martinha ia nos seus... – a suspensão do pensamento, marcada pelo emprego das reticências, se dá em função das projeções que o narrador passa a fazer sobre a idade da personagem. II. Na oração – Pai e mãe morreram, e cedo. – o termo em destaque está empregado com valor adverbial, estabelecendo relação de tempo. III. A frase inicial do penúltimo parágrafo do texto, em discurso direto da personagem Martinha, assumiria a seguinte redação: A culpa desta solidão a quem pertence? Ao destino ou a mim? Eu creio, às vezes, que ao destino; às vezes, acuso-me a mim própria.   Está correto o que se afirma em

  3. 93

    FGV-SP 2011

    Em Defesa dos Adjetivos Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha dinâmica e onipresente dos verbos. Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários. Pois o adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas. Vejo uma pilha de melões na bancada de uma quitanda. Para um adversário dos adjetivos, não há dificuldade: “Melões estão empilhados na bancada da quitan da.” Todavia um dos melões é pálido; outro é verde, imaturo, cheio de arrogância juvenil; outro ainda tem faces encovadas e está perdido num silêncio profundo e fúnebre, como se não suportasse a saudade dos campos da Provença. Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios. Têm cheiro do campo, do pôr do sol, ou estão secos, resignados, exauridos pela viagem, pela chuva, pelo contato das mãos de estranhos, pelos céus cinzentos de um subúrbio parisiense. Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esquecido ou corrente. Precisamos de você, esbelto e maleável adjetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas e cuida para que elas não percam o gosto revigorante da individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nuvens negras, nuvens enormes e cheias de fúria, o que seria de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos? A. Zagajewski, http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-52. Adaptado.   Considere as seguintes afirmações sobre o texto: I. Com as expressões “flecha dinâmica” e “voláteis adjetivos”, referindo-se, respectivamente, a “verbos” e “nuvens”, o autor obtém efeito expressivo com base na reiteração semântica. II. A possibilidade do contraditório, como parte da argumentação, não foi considerada pelo autor. III. Na afirmação de que o adjetivo pode ser “esquecido ou corrente” , está pressuposta a variação histórica da língua. IV. A estrutura sintática do texto inclui tanto frases nominais e períodos simples quanto orações coordenadas e subordinadas. Pode-se inferir apenas o que se afirma em

  4. 94

    FUVEST 1992

    Nos enunciados a seguir, há adjuntos adnominais e apenas um complemento nominal. Assinale a alternativa que contém o complemento nominal:

  5. 95

    FATEC 2007

     LIBRA (23 set. a 22 out.) Com a Lua transitando em Gêmeos, os librianos podem esperar mais clareza mental, acuidade, boa expressão e facilidade ambiente, porque o mundo irá girar num ritmo consoante com seu jeito de ser. Justamente porque tudo flui melhor você não precisa reagir com extremos. Segure essa impaciência. (Folha de S.Paulo, 13-09-2006) Considere as seguintes afirmações relacionadas a esse texto. I. Na frase - segure essa impaciência - poderia ser empregado também o pronome esta, pois se trata de referência à pessoa a quem se dirige a sugestão contida no texto. II. O texto mantém-se de acordo com a norma culta caso se empregue - contém essa impaciência - em lugar de - segure essa impaciência. III. Pode-se interpretar como de causa a circunstância expressa por - Com a Lua transitando em Gêmeos. IV. As palavras “acuidade” e “consoante” podem ser substituídas, no contexto, correta e respectivamente, por “agudeza” e “em harmonia”. V. A relação sintática e de sentido expressa em - porque tudo flui melhor - tem equivalente em - como tudo flui melhor. Estão corretas apenas as afirmações

  6. 96

    UFAM 2010

    Nos exemplos abaixo, o pronome pessoal átono funciona como objeto direto, EXCETO em:

  7. 97

    UNEMAT 2006

    Sopa picante de morango Misture os morangos com o açúcar e a pimenta. Reserve por 1 hora. Passe ao copo do liquidificador. Junte sucos de tomate, sal e creme de leite. Bata bem. Reserve. Esfregue o alho nas fatias de pão ciabalta. Pincele azeite. Toste no forno. Retire. Reserve. Ferva a sopa por 5 min (em dias quentes, pode-se servi-la fria). Sirva sopa, com 1 pingo de creme de leite, e fatias de ciabalta. Revista Caras nº35   Com base na análise do texto, assinale a alternativa INCORRETA.

  8. 98

    UFAM 2010

    Assinale a opção em que a oração adjetiva explica algo a respeito do substantivo, em vez de restringir o seu sentido.

  9. 99

    UNAMA 2007

    “O ditador caiu duma cadeira, os árabes deixaram de vender petróleo, o morto é o melhor amigo do vivo, as coisas nunca são o que parecem, quando vires um centauro acredita nos teus olhos, se uma rã escarnecer de ti atravessa o rio. Tudo são objectos. Quase.” (José Saramago, Objecto Quase)   Na construção desse parágrafo, Saramago valeu-se de diferentes recursos de linguagem cujo resultado evidencia seu singular estilo como prosador.   Avalie as seguintes afirmações sobre o uso desses recursos para assinalar a alternativa que aponta os que foram empregados pelo escritor:   I. O primeiro período é constituído por orações predominantemente justapostas, como um mosaico. II. Cada oração desse primeiro período contém uma declaração que contradiz a expectativa racional do leitor. III. Essa inversão de expectativa se torna coerente graças às duas últimas frases do parágrafo.    São corretas:

  10. 100

    UNIPAM 2012

    Qualidade de morte Até meados do século 20, dava quase na mesma ser pobre ou rico na hora de morrer: iam-se todos de modo semelhante, pois as doenças ignoravam privilégios. Diante da tuberculose, por exemplo, não havia ouro que comprasse sofrimento menor ou alguma sobrevida: morriam afogados, na derradeira hemoptise, tanto os operários de Manchester estudados por Engels como os burgueses dos quais nos fala Thomas Mann em “A Montanha Mágica”. Com o avanço da ciência, porém, tudo parece ter mudado. Hoje há muitos que acreditam que o dinheiro, além de comprar uma vida mais “rica”, também garante a qualidade da morte: por meio dele, os abastados despedem-se deste mundo no ambiente glamuroso de “hospitais boutique”, sob os cuidados dos “médicos da moda”. Mas será que as coisas são tão simples? Por um lado, ainda que a pobreza torne a vida difícil, é ingênuo pensar que a riqueza, por si só, seja capaz de resolver os enigmas que a existência nos impõe, magnatas ou não. E o remorso não raro corrói a paga que os “eleitos” recebem por sua ganância. Se isso não é tão claro, é porque a maioria das pessoas desconhece a intimidade dos poderosos, sempre dilacerada por conflitos: os psicoterapeutas e os próprios poderosos sabem bem do que falo. Por outro lado, o acesso à medicina “de ponta” nem sempre é garantia de boa recuperação ou de morte tranquila, além de dar origem a paradoxos. Um exemplo é a angústia que destrói a saúde dos que sofrem, no presente, com as moléstias que – imaginam – terão no futuro. Martirizam-se, assim, por não terem um plano de saúde “top”, o qual já se tornou, ao lado do carro “zero”, o atual sonho de consumo. Para essa angústia contribuem, crucialmente, a propaganda dos centros diagnósticos – que não param de crescer – e a ingenuidade de médicos que confundem prevenção com obsessão por doenças. Outro exemplo é o caso dos doentes terminais mantidos vivos mesmo à custa de muita dor, bem como a insensatez de uma legislação que proíbe a eutanásia para as pessoas que dela necessitam, condenando-as, cruelmente, ao papel de axiomas de grotesca tese: a de que a vida deve ser sempre preservada, “coûte que coûte”... Mas, já que a morte segue inevitável – muito embora a publicidade procure nos convencer de que somos imortais –, não seria melhor que encarássemos a vida de outro modo, empregando-a não só para “conquistar um lugar ao sol” mas também para aceitar um “cantinho” nas sombras para onde iremos todos? Não seria importante que aprendêssemos a morrer, buscando, se preciso, nas ideias de outras épocas a espiritualidade que tanta falta nos faz? Infelizmente, não é o que vemos. Ao ideal da morte honrosa dos gregos, da morte-libertação dos gnósticos, da boa morte dos cristãos medievais, da morte heroica dos românticos, nós contrapomos a “morte segura” no leito high-tech de um hospital chique, transfixados por catéteres e “plugados” na TV. Uma morte que é o símbolo perfeito da doença que acomete a nossa civilização e que, decerto, vai matá-la: o conformismo hedonista. CLÁUDIO L. N. GUIMARÃES DOS SANTOS, 50, escritor, artista plástico, médico e diplomata, é mestre em artes pela ECA-USP e doutor em Linguística pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França). Blog: http://perplexidadesereflexoes.blogspot.com Assinale a interpretação INCORRETA acerca dos termos e/ou expressões destacados(as) nas alternativas. “Com o avanço da ciência, porém, tudo parece ter mudado. Hoje há muitos que acreditam que o dinheiro, além de comprar uma vida mais “rica”, também garante a qualidade da morte...”

  11. 101

    FGV 2014

    VIAGEM INTERIOR DE KEROUAC Adaptações literárias representam um risco enorme e Walter Salles sabe bem disso. Seu longa de estreia, "A Grande Arte" (1992), não escapou do fiasco apesar de roteirizado pela mesmo Rubem Fonseca, que escreveu o livro. Na década seguinte, Salles foi ainda mais ousado, dessa vez com melhor resultado, ao adaptar para o sertão nordestino a prosa de lsmail Kadaré, cujo primoroso romance "Abril Despedaçado" se passava nas montanhas da Albânia. Em 2004, ele trabalhou com o roteirista porto­riquenho Jase Rivera em "Diários de Motocicleta': baseado nas notas de viagem de Che Guevara e nas memórias de Alberto Granado.  A experiência bem-sucedida fez com que a parceria com Rivera fosse reeditada em mais um road movie, só que as semelhanças entre "Diários" e "Na Estrada': dois filmes sobre jovens amigos aventureiros, são menores do que parecem. Enquanto em um, suas vidas são mudadas para sempre pela paisagem humana da America Latina, no outro, as estradas norte-americanas servem apenas como rota de fuga e deslocamento, jamais como elemento transformador. É justamente este um dos aspectos que mais pode desagradar aos cultuadores da obra de Kerouac: ao condensar o livro, o roteiro deixou de lado boa parte dos momentos em que se bota a pé na estrada.  Marcelo Janot, O Globo, 13/7 /2012. Adaptado.    Considere as afirmações sobre os seguintes trechos do texto: I. "Seu longa de estreia": encontra-se, em um dos vocábulos desse trecho, um exemplo de derivação imprópria, que é um dos processos de formação de palavras.  II. "só que as semelhanças entre 'Diários' e 'Na Estrada"': a expressão sublinhada tem valor adversativo.  III. "um dos aspectos que mais pode desagradar": o verbo "poder" dessa frase deveria estar no plural, de acordo com a norma culta.   Está correto apenas o que se afirma em

  12. 102

    UNIFESP 2016

    Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-1977), publicada na revista Senhor em 1962, para responder. [...] Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. (Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.)   1 facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada. 2 Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.     “Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem.” (4o parágrafo) Os termos “a esse” e “nos” constituem, respectivamente,

  13. 103

    UFF 2000

    TEXTO I   Trechos da carta de Pero Vaz de Caminha   Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.   Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até a outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.   Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.   Águas são muitas: infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. (Carta de Pero Vaz de Caminha In: PEREIRA, Paulo Roberto (org.) Os três únicos testemunhos do descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999, p. 39-40.)   Vocabulário: 1 - "espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha": associação de imagem, com a tampa de um vasilhame de couro, para transportar água ou vinho, que recebia o nome de "espelho" por ser feita de madeira polida. 2 - "tintura preta, a modos de azulada": é uma tintura feita com o sumo do fruto jenipapo. 3 - "escaques": quadrados de cores alternadas como os do tabuleiro de xadrez. 4 - "parma": lisa como a palma da mão. 5 - "chã": terreno plano, planície.   TEXTO II   "Adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo, qualquer que seja a função deste." (CUNHA, Celso & Cintra, Lindley. "Nova gramática do português contemporâneo". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p.145)   Assinale a alternativa em que o termo destacado NÃO exerce a função de adjunto adnominal

  14. 104

    UNICENTRO 2004

    Vida, extinção e evolução É comum dizer que existe uma tensão na natureza entre tendências criadoras e destruidoras. Essa polarização é fruto de nossa percepção limitada da realidade, que tende a organizar tudo a partir de opostos: o frio e o quente, o macho e a fêmea, a luz e as trevas. A Natureza não tem uma dimensão moral e pouco se importa com o que chamamos de criação e destruição. Dito isso, aqui estamos nós, produtos improváveis de apenas alguns bilhões de anos de evolução, seres vivos capazes de não só sobreviver em um mundo hostil, mas também de se questionar sobre as suas próprias origens. O homem é o maior dos mistérios. Para tentarmos entender as nossas origens, temos antes de reconstruir a história da Terra e dos seus vários habitantes que nos antecederam.(...) De onde vieram as primeiras formas de vida e como elas se formaram permanecem questões em aberto. Questões que, aliás, talvez sejam impossíveis de ser respondidas precisamente. Para tal, precisaríamos de detalhes, de fósseis dos primeiros seres vivos, que podem estar perdidos para sempre. Talvez seja mais prudente começar com questões simples, relacionadas com a diversidade das formas de vida e não com a sua origem. O registro fóssil da Terra mostra que a história da vida aqui é extremamente dramática; em muitos (mas não todos) casos, períodos de grande diversificação e estabilidade foram terminados por grandes extinções, nas quais uma fração alta das espécies desapareceu abruptamente e não gradualmente. A extinção dos dinossauros, que ocorreu há 65 milhões de anos, é o exemplo mais popular dessas catástrofes do passado. Após duas décadas de muita discussão entre geólogos, paleontólogos, químicos e físicos, e do acúmulo irrefutável de provas, ficou claro que a extinção dos dinossauros foi causada pelo impacto da Terra com um asteroide de aproximadamente 10 quilômetros de diâmetro, que ocorreu onde hoje é o Golfo do México. (...) Recentemente, o refinamento das técnicas de análise geológica motivado pelo debate sobre os dinossauros vem gerando mais polêmica: aparentemente, uma outra extinção em massa responsável pelo desaparecimento de 90% da vida no planeta conhecida como “a grande morte”, também foi causada por um impacto catastrófico com um bólido celeste. (...) A conclusão ainda não é firme como com os dinossauros, mas é bastante plausível.  O que comprova a incrível versatilidade da vida. A cada impacto, as formas de vida se renovam com uma intensidade impressionante, como se um caldeirão genético entrasse em ebulição juntamente com as rochas em torno do ponto de impacto. Os seres humanos, aliás, são conseqüência dessa renovação. Com a extinção dos dinossauros, os mamíferos, que antes eram insignificantes, tornaram-se os novos donos da bola. Em última análise, o homem é resultado de um acidente cósmico e da frenética criatividade da Natureza. O mistério permanece, mas não é inescrutável. GLEISER, Marcelo. In: Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 mar. 2003. Mais! p. 23   “A cada impacto, as formas de vida se renovam com uma intensidade impressionante, como se um caldeirão genético entrasse em ebulição juntamente com as rochas em torno do ponto de impacto.”   Nesse período, a relação que a segunda oração estabelece com a primeira é, simultaneamente, de  

  15. 105

    UFAM 2009

    Assinale a opção em que o período é composto por coordenação e subordinação:

  16. 106

    UTFPR 2015

    A MORTE DO LÁPIS E DA CANETA Boa notícia para as crianças americanas. Vai ficando optativo, nos Estados Unidos, escrever em letra de mão. Um dos últimos a se renderem aos novos tempos é o Estado de Indiana, que aposentou os cadernos de caligrafia agora em julho. O argumento é que ninguém precisa mais disso: as crianças fazem tudo no computador e basta ensinar-lhes um pouco de digitação. Depois do fim do papel, o fim do lápis e da caneta! Tem lógica, mas acho demais. Sou o primeiro a reclamar das inutilidades impostas aos alunos durante toda a vida escolar, mas o fim da escrita cursiva me deixa horrorizado. A máquina de calcular não eliminou a necessidade de se aprender, ao menos, a tabuada; não aceito que o teclado termine com a letra de mão. A questão vai além do seu aspecto meramente prático. A letra de uma pessoa é como o seu rosto. Como todo mundo, gosto de ver como é a cara de um escritor, de um político, de qualquer personalidade com quem estou travando contato – e logo os e-mails virão com o retrato do remetente, como já acontece no Facebook. COELHO, Marcelo. Folha de São Paulo, 20/07/ 2011 Em relação à pontuação do texto, considere as seguintes afirmativas: I) A expressão nos Estados Unidos (primeiro parágrafo) vem isolada por vírgulas por se tratar de Adjunto Adverbial deslocado. II) Os dois pontos (segundo parágrafo) foram usados para introduzir uma enumeração. III) O ponto de exclamação (segundo parágrafo) exprime o questionamento do autor em relação ao tema. Está(ão) correta(s) apenas:

  17. 107

    Espcex (Aman) 2015

    “Chovesse ou fizesse sol, o Major não faltava.”   Assinale a alternativa que apresenta a oração subordinada com a mesma ideia das orações grifadas acima.

  18. 108

    UNIFESP 2011

    (...) Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. (Raul Pompeia. O Ateneu.) Tendo em vista a função sintática da palavra grifada no fragmento, ela também pode ser vista no termo sublinhado na frase:

  19. 109

    UNIFESP 2013

    Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.   E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.   Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa. (Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)     Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.

  20. 110

    UNAMA 2007

    Morte do leiteiro Há pouco leite no país, é preciso entregá-lo cedo. Há muita sede no país, é preciso entregá-lo cedo. Há no país uma legenda, que ladrão se mata com tiro. (Rosa do povo – Carlos Drummond de Andrade ) A oração subordinada do verso é preciso entregá-lo cedo estabelece a seguinte relação sintática:

  21. 111

    UEMS 2008

    Sugestão Antes que venham ventos e te levem do peito o amor — este tão belo amor, que deu grandeza e graça à tua vida —, faze dele, agora, enquanto é tempo, uma cidade eterna — e nela habita.   [...] É tempo. Faze tua cidade eterna, e nela habita: antes que venham ventos, e te levem do peito o amor — este tão belo amor que dá grandeza e graça à tua vida. MELLO, Thiago de. Vento geral. Poesia 1951/1981. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. Os termos negritados em “É tempo. Faze / tua cidade eterna, e nela habita: / antes que venham ventos, e te levem / do peito o amor — este tão belo amor / que dá grandeza e graça à tua vida.”, exercem, respectivamente, função sintática de

  22. 112

    UNIFESP 2011

    De tudo que é nego torto Do mangue e do cais do porto Ela já foi namorada O seu corpo é dos errantes Dos cegos, dos retirantes É de quem não tem mais nada Dá-se assim desde menina Na garagem, na cantina Atrás do tanque, no mato É a rainha dos detentos Das loucas, dos lazarentos Dos moleques do internato E também vai amiúde Co’os velhinhos sem saúde E as viúvas sem porvir Ela é um poço de bondade E é por isso que a cidade Vive sempre a repetir Joga pedra na Geni Joga pedra na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Chico Buarque. Geni e o zepelim. A função sintática do verso "De tudo que é nego torto" é:

  23. 113

    UPF 2014

    Vespertina tropical Então Deus, tendo acabado de criar o firmamento e os continentes, o homem e a mulher, a zebra, os elétrons, o umbu e a neblina, quis dar um último toque em Sua obra: num arroubo de lirismo, lá pelas 17h54 do sexto dia, pintou a aurora boreal. É, de fato, um troço estupendo: mais bonito que o pôr do sol, mais improvável que a girafa, mais grandioso que o relâmpago. Era pra ser o corolário da criação, a maior atração da Terra, diante da qual casais em lua de mel deixariam cair os queixos, japoneses ergueriam as câmeras e mochileiros bateriam palmas, contentes por terem nascido neste planeta abençoado e multicolor, mas, infelizmente, como se sabe, a aurora boreal não pegou. Claro: é longe, é raro e é muito cedo, como esses espetáculos incríveis encenados domingo de manhã no Sesc Belenzinho. Imagina se a aurora boreal fosse nos trópicos, seis e meia da tarde? O sujeito tá num táxi na avenida Atlântica, olha pro lado, o céu todo verde e amarelo e laranja e roxo, saca o celular, faz um "selfie" [tava louco pra usar essa palavra], posta "#vespertinatropical!!!" e segue pra casa, satisfeito. Mas não, é pra lá da Groenlândia, 4h30 AM, ninguém sabe quando: aí, não adianta reclamar que o público é ignorante e prefere a caretice hollywoodiana de um arco-íris. Fosse só a aurora boreal, beleza, mas a natureza tá cheia de desarranjos semelhantes. Não surpreende: ela foi criada há milhões de anos, nunca passou por uma revisão e ainda é administrada pelo fundador. Se eu fosse Javé, chamava uma dessas consultorias especializadas em fazer a transição de empresas familiares para organizações, digamos, mais competitivas, e dava um choque de gestão. Nem precisa gastar muito, basta alocar melhor os recursos. Veja os cometas, por exemplo. Tudo espalhado por aí, nos visitam só a cada 70, cem anos, às vezes chegam de lado, outras vezes de dia, ninguém vê, baita desperdício de energia. Por que não otimizar essas órbitas? Fazer com que venham cinco, dez ao mesmo tempo na noite de Réveillon, proporcionando uma queima de fogos global à nossa sofrida humanidade? A gravidade é outro assunto que merece uma calibrada: tem que ser mesmo 9,8 m/s2? Por quê? Como Deus chegou a esse número? Gostaria que Ele abrisse as planilhas para entendermos se cada m/s2 é realmente necessário. Com metade dessa atração, nós continuaríamos colados ao chão e seria muito mais agradável se locomover por aí. O mínimo que o Senhor poderia fazer era dar uma amainada de dezembro a março: imagina que alívio encarar esse calorão com 25% menos esforço, durante a "Gravidade de Verão". Sem falar, óbvio, em 50% para grávidas, idosos e cadeirantes. Não tenho dúvida de que o Todo Poderoso resistirá a essas e outras reformas. Criar o Universo é o tipo da coisa que infla um pouco o ego do sujeito, mas seria bom se Ele se animasse a colocar o mundo nos eixos – literalmente: já repararam como a Terra gira toda torta, envergada como um frei Damião? Se meu pacote de sugestões não puder convencê-lo pelo bom senso, quem sabe ao menos uma parte cutuque a Sua vaidade? Ora, El Shaddai, a aurora boreal é um negócio tão lindo, tão grandioso, tão divino, não é justo que siga sendo exibida, ano após ano, apenas para os ursos-polares, as focas e a Björk, é ou não é? PRATA, Antonio. Vespertina Tropical. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 21 mar. 2014.     “O sujeito tá num táxi na avenida Atlântica, olha pro lado, o céu todo verde e amarelo e laranja e roxo, saca o celular, faz um "selfie" [tava louco pra usar essa palavra], posta "#vespertinatropical!!!" e segue pra casa, satisfeito”. Considerando o trecho destacado, extraído do texto, é correto afirmar que:

  24. 114

    UNESP 2015

    A questão a seguir toma por base uma modinha de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800).   Protestos a Arminda      Conheço muitas pastoras Que beleza e graça têm, Mas é uma só que eu amo Só Arminda e mais ninguém.      Revolvam meu coração Procurem meu peito bem, Verão estar dentro dele Só Arminda e mais ninguém.      De tantas, quantas belezas Os meus ternos olhos veem, Nenhuma outra me agrada Só Arminda e mais ninguém.      Estes suspiros que eu solto Vão buscar meu doce bem, É causa dos meus suspiros Só Arminda e mais ninguém.   Os segredos de meu peito Guardá-los nele convém, Guardá-los aonde os veja Só Arminda e mais ninguém.      Não cuidem que a mim me importa Parecer às outras bem, Basta que de mim se agrade Só Arminda e mais ninguém.      Não me alegra, ou me desgosta Doutra o mimo, ou o desdém, Satisfaz-me e me contenta Só Arminda e mais ninguém.      Cantem os outros pastores Outras pastoras também, Que eu canto e cantarei sempre Só Arminda e mais ninguém. (Viola de Lereno, 1980.)     Assinale a alternativa que indica duas estrofes em que o termo “Arminda” surge como paciente da ação expressa pelo verbo da oração de que faz parte.

  25. 115

    FGV-SP 2011

    Eu lia o meu livrinho quando a sucessão de gritos – “ahhh”… “ehhh”… – picotou a noite de domingo. A impressão que tive foi de alguém sendo esfolado no andar de cima. Não fui o único a saltar da poltrona, assustado, tentando descobrir de onde vinha aquela esganiçada voz feminina: no meu prédio e no que fica ao lado, meia dúzia de pescoços se insinuaram na moldura das janelas enquanto o alarido – “ihhh”… “ohhh”… – prosseguia. Humberto Werneck. O espalhador de passarinhos. Observando o emprego do pronome relativo que, nas duas ocorrências grifadas no fragmento, verifica-se que

  26. 116

    INSPER 2015

    A genética fracassou? (...) Entender por que uma pessoa funciona do jeito que funciona. Seria uma obra revolucionária para a saúde do homem. Saberíamos com antecedência que doenças nos afetariam no futuro. Desligando genes que causam disfunções e ligando aqueles responsáveis pelo conserto, seria mínimo o risco de sofrermos de males hereditários. Acreditando nisso, o mundo comemorou quando o mapeamento do genoma humano foi apresentado em 2000, quase completo. Em coisa de 10 anos, diziam os líderes do projeto, viveríamos melhor. E mais. Os 10 anos se passaram e o que foi prometido não aconteceu. (http://super.abril.com.br/ciencia/genetica-fracassou-598852.shtml)    Em “Desligando genes que causam disfunções e ligando aqueles responsáveis pelo conserto, seria mínimo o risco de sofrermos de males hereditários”, a relação estabelecida entre as primeiras orações subordinadas e a principal é de 

  27. 117

    UNESP 2013

    A questão toma por base um fragmento da crônica Letra de canção e poesia, de Antonio Cicero.     Como escrevo poemas e letras de canções, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canções são poemas. A expressão “letra de canção” já indica de que modo essa questão deve ser entendida, pois a palavra “letra” remete à escrita. O que se quer saber é se a letra, separada da canção, constitui um poema escrito.   “Letra de canção é poema?” Essa formulação é inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que não se pode determinar a priori quais são as formas lícitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se um poeta escreve letras soltas na página e diz que é um poema, quem provará o contrário?   Neste ponto, parece-me inevitável introduzir um juízo de valor. A verdadeira questão parece ser se uma letra de canção é um bom poema. Entretanto, mesmo esta última pergunta ainda não é suficientemente precisa, pois pode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de canção é necessariamente um bom poema; e 2) Se uma letra de canção é possivelmente um bom poema.   Quanto à primeira pergunta, é evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema. Mas talvez o que se deva perguntar é se uma boa letra é necessariamente um bom poema. Ora, também a essa pergunta a resposta é negativa. Quem já não teve a experiência, em relação a uma letra de canção, de se emocionar com ela ao escutá-la cantada e depois considerá-la insípida, ao lê-la no papel, sem acompanhamento musical? Não é difícil entender a razão disso.   Um poema é um objeto autotélico, isto é, ele tem o seu fim em si próprio. Quando o julgamos bom ou ruim, estamos a considerá-lo independentemente do fato de que, além de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade. O poema se realiza quando é lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural.   Já uma letra de canção é heterotélica, isto é, ela não tem o seu fim em si própria. Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa. Em outras palavras, se uma letra de can- ção servir para fazer uma boa canção, ela é boa, ainda que seja ilegível. E a letra pode ser ilegível porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavras certas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da música à qual se encontra associada. (Folha de S.Paulo, 16.06.2007.)     Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema.   O advérbio necessariamente, nas três ocorrências verificadas na passagem mencionada, equivale, pelo sentido, a:

  28. 118

    FGV-SP 2012

    A última nota solta A habilidade dos governantes da Bruzundanga é tal, e com tanto e acendrado carinho velam pelos interesses da população, que lhes foram confiados, (I) que os produtos mais normais à Bruzundanga, mais de acordo com a sua natureza, são comprados pelos estrangeiros por menos da metade do preço (II) pelo qual os seus nacionais os adquirem. (Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 213). As duas orações subordinadas em destaque no texto têm sentido de

  29. 119

    UFAL 2010

    A conquista da memória    A memória ajuda a definir quem somos. Na verdade, nada é mais essencial para a identidade de uma pessoa do que o conjunto de experiências armazenadas em sua mente. E a facilidade com que ela acessa esse arquivo é vital para que possa interpretar o que está à sua volta e tomar decisões. Cada vez que a memória decai, e conforme a idade isso ocorre em maior ou menor grau, perde-se um pouco da interação com o mundo. Mas a ciência vem avançando no conhecimento dos mecanismos da memória e de como fazer para preservá-la. Pesquisas recentes permitem vislumbrar o dia em que será uma realidade a manipulação da memória humana. Isso já está sendo feito em animais. No ano passado, cientistas americanos e brasileiros mostraram ser possível apagar, em laboratório, certas lembranças adquiridas por cobaias. Melhor: tudo indica que as mesmas técnicas podem ser usadas também para conseguir o efeito inverso: ampliar a capacidade de reter fatos e experiências na mente. E, há duas semanas, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos Estados Unidos, detalharam como as proteínas estão relacionadas ao surgimento de lembranças nos neurônios. Como ocorreu com o DNA no século passado, os códigos fisiológicos que regulam a memória estão sendo decifrados.[...]    A façanha dos pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara foi verificar como a destruição e a produção de proteínas no interior das células nervosas criam novas lembranças e modificam as já existentes. “O estudo confirma a ideia de que não existe memória fixa, imutável”, diz Rosalina Fonseca, neurocientista do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Portugal, e autora do trabalho que serviu de base para a descoberta dos americanos. O papel da degradação e da síntese de proteínas pode ser explicado com a seguinte analogia: a memória é como uma casa em constante reforma e as proteínas são os tijolos. Muitas vezes, uma parede precisa ser derrubada para que um novo cômodo seja construído. Manter o equilíbrio dessa obra sem fim – da qual participa também mais de uma centena de substâncias químicas, entre neurotransmissores, receptores e hormônios – pode ser a chave para a cura de muitas doenças psiquiátricas e neurológicas. [...]  (SCHELP, Diogo. Veja. 13 jan. 2010)     No último período do primeiro parágrafo, há uma oração subordinada adverbial

  30. 120

    FATEC

    Observe a oração em destaque nesse período.   Poesia, romance, todas as formas literárias do pensamento buscam vestir-se com as cores do país.   Encontra-se oração com essa mesma função sintática na alternativa:

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