UFRGS 2018


Nada mais importante para chamar a atenção sobre 1uma verdade do que exagerá-la. 2Mas também, nada mais perigoso, _________ um dia vem 3a4reação indispensável e 5a relega injustamente para a categoria do erro, até que se efetue a operação difícil de 6chegar a um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-7la de um lado nem de outro. 8É o que tem ocorrido com o estudo da relação entre a obra e o seu condicionamento social, que a certa altura chegou a ser vista como 9chave para compreendê-la, depois foi 10rebaixada como falha de visão, — e talvez só agora comece a ser proposta nos devidos termos.
11De fato, antes se procurava mostrar que o valor e o significado de uma obra dependiam de ela 12exprimir ou não certo aspecto da realidade, e que este aspecto constituía o que ela tinha de essencial. Depois, chegou-se à posição oposta, procurando-se mostrar que a matéria de uma obra é secundária, e que a sua importância deriva das operações formais postas em jogo, conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna de fato independente de 13quaisquer condicionamentos, sobretudo social, considerado inoperante como elemento de compreensão. 14Hoje sabemos que a integridade da obra não permite adotar 15nenhuma dessas visões _________; e que só a podemos entender fundindo texto e contexto numa interpretação 16dialeticamente íntegra, em que tanto o velho ponto de vista que 17explicava pelos fatores 18externos, quanto o outro, norteado pela 19convicção de que a estrutura é virtualmente independente, se combinam como momentos 20necessários do processo interpretativo. Sabemos, ainda, que o 21externo (no caso, o social) importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha certo papel na constituição da estrutura, tornando-22se, 23portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos periféricos da sociologia, ou da história sociologicamente orientada, para chegar a uma interpretação estética que assimilou a dimensão social como fator de arte. Quando isto se dá, ocorre o24paradoxo assinalado inicialmente: o externo se torna interno e a crítica deixa de ser sociológica, para ser apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, o ângulo sociológico adquire uma validade maior do que tinha. Em __________, não pode mais ser imposto como critério único, ou mesmo preferencial, 25pois a importância de cada fator depende do caso a ser analisado. Uma crítica que se queira integral deve 26deixar de ser unilateralmente sociológica, psicológica ou 27linguística, para utilizar livremente os elementos capazes de conduzirem a uma interpretação coerente.

Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed.
Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
 


Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do primeiro, segundo e terceiro parágrafo, nessa ordem. 

Escolha uma das alternativas.