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  1. 61

    UPF 2016

    Notícias de Gotham City  Imagino que todos tenham tido notícia do fato. No início de junho, ocorreu no Parque da Redenção, em Porto Alegre, outra jornada da Serenata Iluminada. A atividade é organizada via redes sociais e reúne milhares de jovens dispostos a ocupar os espaços públicos para garantir sua condição pública. No caso da Redenção, os manifestantes se opõem à proposta do cercamento que vem sendo cogitada há anos. Nas serenatas, levam velas, lanternas, violões, se divertem, debatem e se manifestam pacificamente. Jornalistas presentes ao evento perceberam que algumas pessoas estavam sendo assaltadas quando se afastavam do grupo maior. Nas imediações, não havia policiamento. Então, o comandante do 9º BPM, tenentecoronel responsável pela área, foi informado do que estava ocorrendo pelo whatsapp. Sua resposta foi: “− Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Gente do bem está em casa agora!” Entre muitos dos seus colegas, o oficial encontrou apoio e compreensão. Em um país civilizado, atitude do tipo seria considerada evidência de inaptidão ao trabalho policial. Vejamos os motivos. Todo policial com formação profissional deve saber que a principal arma a sua disposição não é aquela que carrega na cintura. Para o trabalho policial, a arma mais importante é a informação. Quando os policiais possuem uma informação de qualidade, sabem o que fazer. Caso contrário, atuam às cegas e a possibilidade de que produzam bons resultados se aproxima de zero. A fonte de informação mais ampla e mais acessível para a polícia é a população. Por isso, é fundamental para o trabalho das polícias que seus membros tenham a confiança do público. Quanto mais a cidadania confiar na polícia, mais irá informar aos policiais, mais irá demandar seus serviços e mais irá colaborar com investigações em andamento. Em um contexto de confiança-colaboração, as polícias se tornam muito mais eficientes e as taxas de impunidade caem significativamente. Já quando as pessoas não confiam nas polícias, elas deixam de registrar ocorrências, param de solicitar proteção e se recusam a colaborar. Não por acaso, as melhores polícias do mundo selecionam e formam seus policiais para que as pessoas sejam tratadas com urbanidade e respeito e que em qualquer abordagem, inclusive quando se tratar de usar a força, nos casos em que ela seja absolutamente necessária, isto não autorize qualquer incivilidade. A criminologia moderna acumulou toneladas de evidências a respeito das dinâmicas criminais que seguem desconsideradas no Brasil. Com respeito aos espaços públicos, sabemos que o medo do crime – ou a sensação de insegurança – faz com que as pessoas se isolem em suas residências, abandonando ruas e praças que, antes, eram locais de convivência. Um dos resultados desse processo − que elimina a vigilância natural − é que os espaços públicos passam a ser ocupados por pessoas envolvidas com o crime, especialmente à noite. Não por outra razão, uma política séria de segurança – pensada na confluência de vários serviços públicos – deve estimular e propor atividades culturais e esportivas noturnas para a ocupação de espaços públicos. Iniciativas como a Serenata Iluminada são importantes, assim, também para a prevenção do crime. A ideia de que os humanos se dividem em “pessoas do bem” e “pessoas do mal” costuma ser bastante útil na formação moral das crianças. Quando contamos a elas histórias com “heróis” e “vilões”, a divisão maniqueísta corporifica virtudes e vícios, facilitando a tarefa pedagógica. Adultos, entretanto, deveriam saber que as pessoas não são, em si mesmas, boas ou más, mas boas e más; que todos possuímos qualidades e defeitos; que carregamos possibilidades trágicas e que, a depender das nossas circunstâncias, ocorre de agirmos escolhendo alternativas ilegítimas, ilegais ou imorais. A propósito, estudos de autorrelato (self report studies) sobre práticas criminais mostram que quase todas as pessoas cometem um ou mais crimes, em algum momento de suas vidas, especialmente quando muito jovens. O ser humano, entretanto, não pode ser reduzido a um gesto. Ele é maior e mais complexo do que uma ação viciosa ou virtuosa. Por isso, não deveríamos permitir que as pessoas fossem tratadas a partir de “rótulos”. Conceber que os milhares de jovens que se reuniam na Redenção naquela noite não eram “pessoas de bem” seria apenas ridículo, não estivéssemos falando de alguém a quem se confiou a responsabilidade de proteger pessoas, sem adjetivos. Declarações do tipo conspiram contra a polícia; degradam a imagem da instituição e ampliam seu descrédito entre a população. Reforçam, no mais, a imagem de uma polícia autoritária, ineficiente e orgulhosa do que não sabe. Bem, talvez seja a hora de parar de ler histórias em quadrinhos.        ROLIM, Marcos. Notícias de Gotham City.  Disponível em: http://www.extraclasse.org.br/edicoes/2015/07/noticias-de-gotham-city. Adaptado. Acesso em 12 ago. 2015.   Em relação à estrutura do texto, é incorreto o que se afirma apenas em: 

  2. 62

    UEMS 2010

    Apelo   Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.   Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhor conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.         Na frase “Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando”,       I. a vírgula colocada após a palavra “Senhora” confere o sentido de ausência dessa personagem na conversa. II. se se suprimir a vírgula após a palavra “Senhora”, altera-se o sentido da frase. III. se se suprimir a vírgula após a palavra “Senhora”, não se altera o sentido da frase.   É verdadeiro o que se afirma em  

  3. 63

    UEMG 2015

    “Cruéis convenções nos convocam: estar em forma, ser competente, ser produtivo, mostrar serviço, prover, pagar, e ainda ter tempo para ternura, cuidados, amor. O curso da existência começa a ser para muitos uma ameaça real. A sociedade é uma mãe terrível, a vida um corredor estreito, o tempo um perseguidor implacável: belos e competentes, ou belos ou competentes, atordoados entre deveres e frestas estreitas demais de liberdade ou sonho.   Nós construímos isso.   Só não prevíamos as corredeiras, as gargantas, os redemoinhos, a noite lá no fundo dessas águas. É quando toda a competência, a eficiência, o poder, se encolhem e ficamos nus, e sós, na nossa frágil maturidade, sob o império das perdas que começam a se apresentar sem cerimônia.” LUFT, 2014, p. 79     Em gramáticas e em manuais de língua portuguesa, costuma-se recomendar o uso da vírgula para indicar a elipse (omissão) de um verbo, como neste exemplo: “Ele prefere filmes de suspense; a namorada, filmes de aventura”.   Com base nessa regra, seria necessário alterar a pontuação da seguinte passagem:

  4. 64

    UFPR 2016

    Famílias em transformação   O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?   A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mulher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos”. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas quanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta –, principalmente nas áreas de segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclusões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.   Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a palavra crise no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, principalmente, em suas dinâmicas.   E é importante aceitar essa questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade; esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim iremos conseguir enxergar que a família não é um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à família. É assim ou não é?   Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco que não se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.   Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos lembrar valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotar um estilo de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, identificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, só para citar alguns exemplos. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem frágeis, não é? SAYÃO, Rosely. . Em 29 set. 2015.     Identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas sobre o uso de expressões e/ou sinais de pontuação no texto.   ( ) O diálogo com o leitor é marcado no texto pelo uso da expressão “alguém aí”, na segunda linha, e pelo uso recorrente da interrogação.   ( ) A expressão sublinhada em “a Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa” antecipa para o leitor a adesão da autora à definição de família aprovada para o projeto de lei do Estatuto da Família.   ( ) No trecho “direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta –”, a expressão entre travessões alerta o leitor para a restrição do conceito de família mencionado.   ( ) As expressões “desde o início da segunda metade do século passado” e “até então” (3º parágrafo) introduzem informações situadas em um mesmo período.   Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

  5. 65

    UPE 2014

    A bola   O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.   O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.   – Como é que liga? – perguntou.   – Como, como é que liga? Não se liga.   O garoto procurou dentro do papel de embrulho.   – Não tem manual de instrução?   O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.   – Não precisa de manual de instrução.   – O que é que ela faz?   – Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.   – O quê?   – Controla, chuta...   – Ah, então é uma bola.   – Claro que é uma bola.   – Uma bola, bola. Uma bola mesmo.   – Você pensou que fosse o quê?   – Nada não.   O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina.   O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.   – Filho, olha.   O garoto disse “Legal”, mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro do couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar. VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 41-42. Adaptado.   Quanto ao emprego dos sinais de pontuação no texto, assinale a alternativa CORRETA.

  6. 66

    UFRGS 2009

    01. Yaqub demorou no quintal, depois visitou 02. cada aposento, reconheceu os móveis e 03. objetos, se emocionou ao entrar sozinho no 04. quarto onde dormira. Na parede viu uma 05. fotografia: ele e o irmão sentados no tronco 06. de uma árvore que cruzava um igarapé; 07. ambos riam: o Caçula, com escárnio, os 08. braços soltos no ar; Yaqub, um riso contido, 09. as mãos agarradas no tronco e o olhar 10. apreensivo nas águas escuras. De quando era 11. aquela foto? Tinha sido tirada um pouco antes 12. ou talvez um pouco depois do último baile de 13. Carnaval no casarão dos Benemou. No plano 14. de fundo da imagem, na margem do igarapé, 15. os vizinhos, cujos rostos pareciam tão 16. borrados na foto quanto na memória de 17. Yaqub. Sobre a escrivaninha viu outra 18. fotografia: o irmão sentado numa bicicleta, o 19. boné inclinado na cabeça, as botas lustradas, 20. um relógio no pulso. Yaqub se aproximou, 21. mirou de perto a fotografia para enxergar as 22. feições do irmão, o olhar do irmão, e se as- 23. sustou ao ouvri uma voz: “ O Omar vai chegar 24. de noitinha, ele prometeu jantar conosco.” 25. Era a voz de Zana; ela havia seguido os 26. passos de Yaqub e queria mostrar-lhe o lençol e as 27. fronhas em que bordara o nome dele. Desde 28. que soubera de sua volta, Zana repetia todos 29. os dias: “Meu menino vai dormir com as 30. minhas letras, com a minha caligrafia.” Ela 31. dizia isso na presença do Caçula, que,  32. enciumado, perguntava: “Quando ele vai 33. chegar? Por que ele ficou tanto tempo no 34. Líbano?” Zana não lhe respondia, talvez porque, 35. também para ela, era inexplicável o fato de 36. Yaqub ter passado tantos anos longe dela. Considere as afirmações abaixo sobre o emprego de sinais de pontuação no texto. I – No primeiro período do texto (l. 01-04), as orações separadas por vírgulas descrevem ações ora sucessivas, ora simultâneas. II – Desconsiderando-se questões de emprego de letra maiúscula, a substituição do ponto-e-vírgula da linha 08 por ponto final manteria a correção e sentido original do texto. III – Os dois-pontos na linha 18 estabelecem uma relação entre os elementos enumerados a seguir e o segmento outra fotografia (l. 17-18). Quais estão corretas?  

  7. 67

    UFRGS 2015

    Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas. Essa situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão complexa. “Complexidade” vem da palavra latinacomplexus, que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto.   As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do humano lhe é estranho, estrangeiro.   A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expressão, meios de conhecimento, meios de compreensão da complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de inclusão da literatura: a inclusão da complexidade humana. E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade humana, a inclusão da subjetividade humana e, também, muito importante, a inclusão do estrangeiro, do marginalizado, do infeliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.   A inclusão da complexidade humana é necessária porque recebemos uma visão mutilada do humano. Essa visão, a dehomo sapiens, é uma definição do homem pela razão; de homo faber, do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura.   Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos mais terríveis, coisas insuportáveis que nela se tornam suportáveis. Harold Bloom escreve: “Todas as grandes obras revelam a universalidade humana através de destinos singulares, de situações singulares, de épocas singulares”. É essa a razão por que as obras-primas atravessam séculos, sociedades e nações.   Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão do outro para a compreensão humana. A compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.   A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de compreensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desenvolvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para melhorar as relações humanas, para melhorar a vida social. Adaptado de: MORIN, Edgar. A inclusão: verdade da literatura. In: RÖSING, Tânia et al. Edgar Morin: religando fronteiras. Passo Fundo: UPF, 2004. p.13-18.     Associe cada ocorrência de sinal de pontuação na primeira coluna com a função na segunda coluna que tal sinal auxilia a expressar no contexto em que ocorre     ( ) Vírgulas (de homo faber, do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos.)   ( ) Dois pontos (Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura.​)   ( ) Vírgula (A compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso)     1- Assinalar elipse.   2- Assinalar a presença de enumeração no texto.   3- Assinalar a adição de um período, que apresenta sujeito diferente do período anterior.   4- Assinalar uma síntese do dito e a inserção de um argumento que se destaca em relação aos anteriores.     A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

  8. 68

    PUC-RS 2008

    Os adolescentes usam a web como uma espécie de laboratório social, para testar limites do relacionamento. A estudante paulista L.S.B., 15 anos, assídua no Orkut e no MSN, diz ter maior intimidade com o computador do que com os pais. “Quando estou dando uma bronca, prefiro falar pessoalmente, mas tem coisas que só consigo digitar”, diz. As novidades não dizem respeito apenas a relacionamentos e troca de informações – mas, também, a velocidade. A antropóloga Anne Kirah observou que a maior dificuldade dos imigrantes (isto é, aquelas pessoas nascidas quando o telefone tinha disco e que, em caso de  urgência,  enviavam  telegramas)  é  entrar  em sintonia com o ritmo atual e acelerado da sociedade on-line. Para os jovens, que não conheceram outra vida, isso é perfeitamente natural.  A tecnologia abriu uma porta para que as pessoas possam estar em contato permanente umas com as outras e para que tenham acesso ininterrupto à informação. Ainda é cedo para conhecer os efeitos a longo prazo da cultura da comunicação. O modelo é espetacular, e seus benefícios para a difusão do conhecimento são evidentes. Em contrapartida, a conexão permanente parece estar reduzindo o tempo disponível para simplesmente sentar e pensar. Veja Especial TECNOLOGIA – agosto, 2007 A afirmação correta quanto à pontuação do texto é:

  9. 69

    UEL 2009

    – Eu vinha vindo para cá. Eu vinha vindo meio tonta, como sempre fico, assim meio tonta, quando durmo tanto. E nem durmo, é mais uma coisa que parece. Foi numa dessas barraquinhas de frutas que eu vi. Eu vinha de cabeça baixa, mas. Umas ameixas tão vermelhas. Eu vinha pensando numa porção de coisas quando. – Que coisas? – Que coisas o quê? – As que você vinha pensando. Ela acende outro cigarro. Do lado certo. – Sei lá, que eu ando. Muito triste, ou. Uma merda, tudo isso. Mas não importa, por favor. Não me interrompa agora. Tem uma coisa dentro de mim que continua dormindo quando eu acordo, muito longe. Faz tempo isso. – Traga fundo. E solta, quase sem respirar. – Foi então que eu vi aquelas ameixas e achei tão bonitas e tão vermelhas que pedi um quilo e era minha última grana certo e daí eu pensei assim se comprar essas ameixas agora vou ter que voltar a pé para casa mas que importa volto a pé mesmo pode ser até que acorde um pouco e então eu vinha comendo devagarinho as ameixas eu não conseguia parar de comer já tinha comigo umas seis quando dobrei a esquina aqui da rua ia saindo um caixão de defunto do sobrado amarelo acho que era um caixão cheio quer dizer com um defunto dentro porque ia saindo e não entrando certo e foi bem na hora que eu dobrei não deu tempo de parar nem de desviar daí então eu tropecei no caixão e as ameixas todas caíram na calçada e foi aí que eu reparei naquelas pessoas de preto óculos escuros e lenços no nariz e uma porrada de coroas de flores devia ser um defunto muito rico e aquele carro fúnebre parado e só aí eu entendi que era um velório. Quer dizer, um enterro. O velório é antes, certo? – É – confirmo. – O velório é antes. ABREU, C. F. "Pêra, uva ou maçã?". In: Morangos mofados. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 99-100.     A escassez de vírgulas no registro da fala da personagem feminina, nesse trecho do conto transcrito, justifica-se porque

  10. 70

    UTFPR 2015

    A MORTE DO LÁPIS E DA CANETA Boa notícia para as crianças americanas. Vai ficando optativo, nos Estados Unidos, escrever em letra de mão. Um dos últimos a se renderem aos novos tempos é o Estado de Indiana, que aposentou os cadernos de caligrafia agora em julho. O argumento é que ninguém precisa mais disso: as crianças fazem tudo no computador e basta ensinar-lhes um pouco de digitação. Depois do fim do papel, o fim do lápis e da caneta! Tem lógica, mas acho demais. Sou o primeiro a reclamar das inutilidades impostas aos alunos durante toda a vida escolar, mas o fim da escrita cursiva me deixa horrorizado. A máquina de calcular não eliminou a necessidade de se aprender, ao menos, a tabuada; não aceito que o teclado termine com a letra de mão. A questão vai além do seu aspecto meramente prático. A letra de uma pessoa é como o seu rosto. Como todo mundo, gosto de ver como é a cara de um escritor, de um político, de qualquer personalidade com quem estou travando contato – e logo os e-mails virão com o retrato do remetente, como já acontece no Facebook. COELHO, Marcelo. Folha de São Paulo, 20/07/ 2011 Em relação à pontuação do texto, considere as seguintes afirmativas: I) A expressão nos Estados Unidos (primeiro parágrafo) vem isolada por vírgulas por se tratar de Adjunto Adverbial deslocado. II) Os dois pontos (segundo parágrafo) foram usados para introduzir uma enumeração. III) O ponto de exclamação (segundo parágrafo) exprime o questionamento do autor em relação ao tema. Está(ão) correta(s) apenas:

  11. 71

    PUC-RS 2007

    Pelo fim da “showblicidade” de cerveja 1. Em julho de 1990 pude visitar algumas cidades 2. do Leste europeu que estavam saindo da ditadura 3. socialista e entrando na economia de mercado. 4. Permaneci  um  mês  entre  Praga,  Bratislava  e 5. Budapeste.  Em  Praga  e  Bratislava  não  havia 6. publicidade de coisa nenhuma. Tudo era estatal e de 7. escassa qualidade. Senti saudades do trabalho dos 8. publicitários, das informações e dos atrativos de 9. nossos produtos. Digo isso para deixar bem claro 10. que não sou contra a publicidade comercial. 11. Porém, há muito que no Brasil a publicidade – 12. sobretudo  a  telepublicidade  –  deixou  de  ser 13. informativa para se tornar persuasiva e voraz. Perdeu 14. aquela certa ingenuidade de ovelha que a tornava 15. até simpática. Adotou estilo lobo voraz, mesmo com 16. roupa de carneiro. 17. A publicidade não trabalha mais apenas com o 18. desejo  de  informar  e  de  competir  mostrando  a 19. qualidade do produto. Ela quer vender a qualquer 20. custo, servindo-se de mecanismos psicológicos de 21. indução ao consumo. Apoderou-se de várias festas 22. populares, como o Dia da Criança e o Dia das Mães, 23. impondo a elas apenas sentido comercial. Cria e 24. descria diariamente VIPs (very important person), 25. cuja finalidade é vender qualquer coisa – de revistas 26. de fofocas a CDs de duvidoso valor cultural – aos 27. NIPs (no important person). 28. A publicidade comercial televisiva está criando 29. até um ser humano diferente, cada dia menos homo 30. sapiens e mais homo bobo consumista, mostrando 31. um mundo sempre bonitinho, onde nada dá errado. 32. E é com tal mecanismo maquiador da realidade que 33. ela faz também publicidade de cerveja, ou melhor, 34. “showblicidade” de cerveja: criou uma “cultura da 35. obrigatoriedade do álcool” em festas de qualquer tipo, 36. como  se  fosse  ingrediente  capaz  de  promover 37. felicidade. Todas as publicidades de cerveja que 38. existem  no  Brasil  mostram  pessoas  felizes, 39. realizadas porque bebem esta ou aquela marca. Mas 40. a verdade é outra: de cerveja se morre.   INSTRUÇÃO: Responder à questão considerando as possibilidades de substituição para a pontuação do texto numeradas a seguir.       1. Substituir o ponto da linha 06 por dois-pontos, seguidos de letra minúscula. 2. Utilizar  parênteses  em  vez  de  travessões,  nas linhas 11 e 12. 3. Substituir o ponto da linha 15 por ponto-e-vírgula, seguido de letra minúscula. 4. Suprimir as vírgulas da linha 33.   As  possibilidades  corretas  de  substituição  são, apenas,  

  12. 72

    PUC-SP 2015

    The New York Times   Ganhar dinheiro e fazer o bem​   Em colaboração com Folha de S.Paulo, 9 de maio de 2015     Algumas pessoas vão trabalhar em setores que pagam bem, como o financeiro, para terem um estilo de vida que inclui mansões e carros velozes. Hoje em dia, porém, há quem o faça na esperança de ajudar a sociedade, não só a si mesmo.   O movimento é chamado de “altruísmo eficaz” , e um de seus membros é Matt Wage, sobre quem o colunista do “NYT” Nicholas Kristof escreveu.   Na Universidade Princeton, em Nova Jersey, Wage se destacava em filosofia e era conhecido por pensar que tinha o dever de fazer algo para tornar o mundo um lugar melhor. Mas, depois de se formar, em 2012, foi trabalhar para a firma de corretagem de arbitragem financeira.   Seu raciocínio: por ganhar mais dinheiro, ele teria mais chances de mudar a vida de outras pessoas para melhor. Em 2013, Wage doou US100mil(R 300 mil) para fins beneficentes – mais ou menos a metade de sua renda bruta, revelou ao “NYT”. Ele disse que pretendia continuar a trabalhar para o setor financeiro e doar metade do que recebia.   Uma das entidades que se beneficia de suas doações é a Against Malaria Foundation, que, ao que consta, consegue salvar a vida de uma criança com cada US3.340(R 10.020) doados.   Kristof escreveu: “Tudo isso sugere que Wage talvez salve mais vidas com suas doações do que salvaria se tivesse se tornado funcionário de uma ONG”.   Kristof observou que a abordagem de Wage pode ser questionada. Será que doar uma parte do salário é o bastante? Existem causas mais merecedoras de ajuda que outras? E será que é realmente correto aceitar um emprego só pelo dinheiro? “Não sei se isso funcionaria para todos”, ele escreveu, mas aplaudiu a prática de maneira geral.   Existem outras maneiras de alcançar metas semelhantes; uma delas é o chamado “investimento de impacto”, a prática de usar o capital “para produzir um bem ou fornecer um serviço que cause impacto social positivo, ao mesmo tempo em que gera algum nível de retorno financeiro”.   Essa definição saiu do livro “Impact Investment”, de Keith A. Allman, do Deutsche Bank, e Ximea Escobar de Nogales, diretora de gestão de impacto numa firma de private equity.   O livro explica como envolver-se no setor de investimento de impacto, desde analisar a missão de uma empresa até determinar até que ponto ela tem êxito em alcançar essa meta e também manter-se rentável.   O professor de economia de Harvard Sendhil Mullainathan espera que seus estudantes se sintam atraídos por esse altruísmo e não se tornem simples “pessoas que buscam receita”.   Escrevendo no “NYT”, ele notou que quase 20% dos alunos que foram trabalhar depois de se formar em Harvard em 2014 foram para o setor financeiro.   Ele não vê com maus olhos o desejo deles por bons empregos, mas questiona: “Será que é uma decisão boa para a sociedade?”   Mullainathan escreveu que todo trabalho possui o potencial de beneficiar a sociedade. “Um advogado que ajuda a redigir contratos precisos pode beneficiar o bom funcionamento do comércio; desse modo, gera riqueza.”   O setor financeiro também pode melhorar a vida das pessoas comuns, ajudando-as a poupar dinheiro para a faculdade de seus filhos, oferecendo seguros para pequenos produtores agrícolas ou possibilitando às pessoas conseguir financiamentos imobiliários com prestações viáveis.   Para seus alunos que optam por trabalhar no setor financeiro, Mullainathan disse: “Espero que eles percebam que têm o potencial de fazer o bem, e não apenas de ganhar dinheiro”. TESS FELDER     Assinale as funções das aspas nas ocorrências destacadas no texto.

  13. 73

    PUC-RS 2009

    Darwin ensina a aceitar as diferenças.   1. Este ano de 2009 irá se caracterizar pela pre- 2. sença muito frequente, na mídia e nos meios acadê- 3. micos, de Charles Darwin, o pacato cidadão que nas- 4. ceu no dia 12 de fevereiro de 1809, portanto há 200 5. anos, e que mudou nossa maneira de ver o mundo. 6. À época em que ele viveu, considerava- 7. se que os seres vivos haviam sido criados no pas- 8. sado tal como se mostravam no século 19. É o que se 9. chamou de fixismo: as espécies, incluindo a nossa, 10. seriam fixas, isto é, imutáveis. Pois Darwin sugeriu, 11. baseado em intensos e extensos estudos, principal- 12. mente após sua viagem de quase cinco anos pelo 13. mundo, que todos os seres vivos, sem exce- 14. ção, modificaram-se ao longo do tempo. A abelha, 15. que hoje forma colmeias e produz o tão apreciado 16. mel, no passado não era assim, não era nem mês- 17. mo um inseto social. As aves, que hoje nos encan- 18. tam com sua beleza e muitas delas com seu canto, 19. foram diferentes milhões de anos atrás. Na verdade, 20. estudos mostraram que elas evoluíram de um grupo 21. de dinossauros! 22. (...) 23. Ao propor que todos os seres vivos se modifica- 24. ram  a  partir  de  formas  ancestrais,  Darwin  criou  a 25. imagem de uma árvore da vida. Todas as folhas que 26. estão na parte externa dos ramos representam os 27. seres  vivos  atuais;  as  internas,  os  extintos.  Essa 28. imagem nos leva à conclusão de que todos viemos 29. de um ou poucos ancestrais muito remotos. De fato, 30. estudos de biologia molecular têm confirmado essa 31. inferência. 32. Qual a implicação dessa ideia? Todos constituí- 33. mos uma família! Somos, portanto, parentes uns dos 34. outros. (...) Como irmãos, temos nossas diferenças: 35. alguns são mais altos, outros mais gordos, alguns 36. possuem pele bem clara, outros pele escura, alguns 37. cabelos lisos, outros não, e assim por diante. 38. Na  perspectiva  darwiniana,  não  há  um  povo 39. escolhido, muito menos um povo que representa o 40. mal. Somos todos iguais do ponto de vista biológico, 41. no sentido da fraternidade. Diferença não implica qua- 42. lificação como melhor ou pior. É isto que celebramos 43. em Darwin: por meio de algumas ideias e conceitos 44. simples,  ele  revolucionou  o  mundo  acadêmico  e 45. também o modo como nos vemos no dia a dia. (...) INSTRUÇÃO: Para responder à questão, analise as afirmativas a seguir, sobre o uso de sinais de pontuação no texto, preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso. (   ) os  dois  pontos  da  linha  09  relacionam  uma explicação a “fixismo”. (   ) o  ponto  da  linha  10  poderia  ser  substituído  por vírgula seguida de letra minúscula, sem prejuízo para o sentido da frase. (   ) a vírgula que segue “assim” (linha 16) separa ideias que têm o mesmo valor sintático. (   ) as vírgulas que seguem “gordos”, “escura” e “não” (linhas 35 a 37) poderiam ser substituídas por ponto e vírgula, sem prejuízo para o sentido ou para a sintaxe da frase. (   ) o ponto da linha 40 poderia ser substituído por dois pontos seguido de letra minúscula, mantendo a correção da frase.   O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é  

  14. 74

    UEL 2014

    Depois entrou em casa: entrou e parece que não gostou ou não entendeu. Foi perguntando onde é que ficava o elevador. E sabendo que não havia elevador, indagou como é que se ia para cima. Nós explicamos que não havia lá em cima. Ele ficou completamente perplexo e quis saber onde é que o povo morava. E não acreditou direito quando lhe afirmamos que não havia mais povo, só nós. Calou-se, percorreu o resto da casa e as dependências, se aprovou, não disse. Mas, à porta da sala de jantar, inesperadamente, deu com o quintal. Perguntou se era o Russell. Perguntou se tinha escorrega, se tinha gangorra. Perguntou onde é que estavam 6 “os outros meninos”. Claro que achava singular e até meio suspeito aquela porção de terra e árvores sem 7 ninguém dentro.   Todas essas observações, fê-las ainda do degrau da sala. Afinal, estirou tentativamente a ponta do pé, tateou o chão, resolveu explorar aquela floresta virgem. Sacudia os galhos baixos das fruteiras, arrancava folhas que mastigava um pouco, depois cuspia. Rodeou o poço, devagarinho, sem saber o que havia por trás daquele muro redondo e branco, coberto de madeira. Enfim, chegou debaixo da goiabeira grande, onde se via uma goiaba madura, enorme. Declarou então que queria comer aquela pêra. Lembrei-me do Padre Cardim – não era o Padre Cardim? – que definia goiabas como “espécie de peros, pequenos no tamanho” –, onde se vê que os clássicos e as crianças acabam sempre se encontrando. Decerto porque uns e outros vão apanhar a verdade nas suas fontes naturais. (QUEIROZ, R. Conversa de menino. São Paulo: Global, 2004. p.114-115. (Coleção Melhores Crônicas).     Acerca dos recursos de pontuação presentes no fragmento, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.   ( ) A vírgula separa orações coordenadas entre si: “não havia elevador” e “indagou”.   ( ) A segunda vírgula em "Calou-se, percorreu o resto da casa e as..." corresponde à enumeração de ações.   ( ) Em "...dependências, se aprovou, não disse. Mas, à porta da sala de jantar, inesperadamente, deu com o quintal.", há vírgulas que marcam a intercalação de circunstâncias de lugar e de modo.   ( ) As aspas em " “os outros meninos” " correspondem à ironia do narrador sobre o menino.   Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.

  15. 75

    UFRGS 2014

    O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato nem notícia.   A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe ........ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe perguntasse com todas as letras: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho. De repente fereme ........ ideia de que o intruso talvez seja eu, que ele tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.   Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe perguntas e noto a sua avidez em respondê- las, mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, as perguntas parecem-me formais e as respostas forçadas e complacentes.   Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. Por que falar em casa? E qual a importância de muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? Não, não tenho casa, há muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, e conta que, toda vez que faz reparos ........ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo ........ proibição. Ele suspira e diz que então não viveria em um hotel nem de graça. Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189     Associe cada ocorrência de sinal de pontuação na primeira coluna com a função, da segunda, que tal sinal auxilia a expressar no contexto em que ocorre.     ( ) dois pontos   ( ) vírgula (destacada no segundo paráfrago)   ( ) vírgula (destacada no último paráfrago)     1 – Assinala explicação do narrador-personagem.   2 – Assinala sujeitos distintos em período coordenado.   3 – Assinala a introdução de uma pergunta, em forma direta, suposta pelo narrador-personagem.   4 – Assinala enumeração de ações do irmão do narrador-personagem.     A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

  16. 76

    UFPR 2015

    Ensaio sobre a cegueira    E então o Congresso saltitou de alegria porque aprovou que nos próximos dez anos 10% do PIB serão destinados para a Educação.    E então os governadores e prefeitos trombetearam de satisfação porque o Congresso deixou para posterior regulamentação as formas de garantir a aplicação adequada desses recursos e a responsabilização de quem não cumprir.    E então os empresários serpentearam de júbilo porque as verbas não são, assim, propriamente para a educação pública.    E então o governo federal ululou de felicidade porque a medida é um resgate histórico de lutas pela melhoria da educação e com recursos ninguém segura esse país e esse é um país que vai pra frente e quem não gostar, ora, deixe-o.    E então as empresas de informática e de outras parafernálias de última geração para garantir ensino como nunca se viu nesse país deliciaram-se com o êxito da medida que gerará empregos e revolucionará para sempre a educação pátria.    E então muitos professores sapatearam frevos, polcas e mazurcas porque agora terão computadores e tablets, quadros digitais e outras ferramentas tecnológicas a aí sim, a educação vai deslanchar.    E então muitos pais exultaram emocionados e eufóricos porque agora as crianças receberão uniforme escolar e materiais diversos e enfim poderão aprender e tornarem-se cidadãos melhores e mais preparados.    E então muitos alunos festejaram e fizeram chacrinhas e chistes uns com os outros porque agora terão aulas em tempo integral, com muitas atividades de informática e outras atividades lúdicas e jogos e não precisarão mais ficar em casa sem fazer nada.    E então disse o mestre Saramago: “Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos, que, vendo, não veem”.  Daniel de Medeiros, 18/06/2014, http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-no-dia-a-dia/    José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, é conhecido por subverter o uso da pontuação. É possível observar isso na citação feita no último parágrafo, retirada do livro Ensaio sobre a Cegueira. Se reescrevêssemos o trecho usando as normas canônicas de pontuação, teríamos que utilizar outros sinais, além daqueles usados pelo escritor. Sem alterar a sintaxe do texto, que sinal poderia ser dispensado nessa reescrita?

  17. 77

    UNESPAR 2011

    O REI ESTÁ NU(A) O que terá motivado Hatshepsut a governar o Egito como homem, relegando seu enteado à sombra? A múmia dessa mulher enigmática, bem como sua verdadeira história, acaba de vir à luz. Por Chip Brown   Há algo de emocionante na ponta de seus dedos. No resto de seu corpo, não resta nenhuma graça. O pano em seu pescoço parece fora de moda. Sua boca, com o lábio superior sobrepondo-se ao inferior, se reduz a um franzido pavoroso. As cavidades oculares se acham preenchidas com resina negra, e as narinas, oclusas de forma bem pouco elegante com rolinhos de tecido. O ouvido esquerdo se afundou carne adentro na lateral do crânio. E quase não há cabelo em sua cabeça.   Eu me inclino sobre a caixa-vitrine aberta no Museu Egípcio do Cairo e contemplo o que era o corpo da mulher-faraó Hatshepsut, a extraordinária figura feminina que governou o Egito de 1479 a 1458 a.C. e é hoje famosa menos por seu reinado durante a era dourada da 18ª dinastia do que por ter tido a audácia de se retratar como homem. Não se percebe nenhum perfume de mirra no ar, como relatavam os antigos textos sobre os ambientes reais. Apenas um odor acre, resultado, talvez, dos muitos séculos que ela passou encerrada em uma catacumba calcária.   É difícil casar essa coisa prostrada com a imagem da grande governante que viveu há tanto tempo e de quem se escreveu outrora: “Olhar para ela era contemplar a beleza maior”. O único toque de beleza humana está na alvura óssea das pontas de seus dedos, as quais, desprovidas de unhas e com a carne mumificada, criam a ilusão de um trabalho de manicure e evocam não apenas a primordial vaidade do ser humano, mas também nossa tênue intimidade com as coisas da vida, nosso breve contato com o mundo.   A descoberta da múmia perdida de Hatshepsut suscitou manchetes dois anos atrás, e a história completa se desenrolou feito um drama legista digno do seriado CSI. De fato, a busca por Hatshepsut mostrou até que ponto a colher de pedreiro e o pincel-vassourinha da tradicional caixa de ferramentas do arqueólogo foram suplementadas pelos tomógrafos computadorizados e pelos gradientes termocíclicos de DNA.   Em 1903, o renomado arqueólogo Howard Carter encontrou o sarcófago de Hatshepsut na 20ª tumba descoberta no vale dos Reis - a KV 20 (King Valley’s 20). O sarcófago, um dos três que a faraó mandara preparar, estava vazio. Os estudiosos não sabiam onde sua múmia se encontrava ou mesmo se havia resistido intacta à campanha de erradicação dos registros de sua passagem pelo poder, levada a cabo durante o reinado de seu enteado e antigo regente auxiliar, Tutmósis III, que a sucedeu após sua morte. Essa campanha resultou na raspagem sistemática de quase todas as imagens reais de Hatshepsut em templos, monumentos e obeliscos.   O esforço por encontrar a múmia do rei-mulher foi lançado em 2005 por Zahi Zawass, chefe do Projeto da Múmia Egípcia e secretário geral do Supremo Conselho de Antiguidades. Hawass, junto com uma equipe de cientistas, centrou foco numa múmia que eles chamaram de KV60a, descoberta mais de um século antes, mas considerada na época não tão importante para ser removida do chão de uma tumba menor, a KV60, no vale dos Reis.   A múmia KV60a cruzara a eternidade sem dispor nem mesmo do conforto de um caixão, e ainda menos do séquito de estatuetas representando servos com as quais os faraós eram enterrados de modo a contar com serviçais no além. Ela também não tinha o que vestir - nada de touca real, joias, sandálias de ouro e anéis do mesmo metal nos dedos das mãos e dos pés, e nenhum dos tesouros que haviam sido providenciados para Tutankhamon, um faraó cujo poder nunca se comparou ao de Hatshepsut.   Mesmo com todos os métodos high-tech empregados para solucionar um dos mais notá- veis casos da arqueologia, não fosse a fortuita descoberta de um dente, a KV60a poderia ainda estar deitada no escuro, com seu status real incógnito. A ilustre falecida encontra-se hoje entronizada em uma das duas Salas das Múmias Reais do Museu Egípcio, com tabuletas em árabe e inglês proclamando ser ela Hatshepsut, “a Rei”, reunida depois de tanto tempo com sua família extensiva de colegas faraós do Novo Império. National Geografic – Edição 109   Assinale a alternativa que reescreve corretamente o trecho abaixo, sem alterar o seu significado. “O sarcófago, um dos três que a faraó mandara preparar, estava vazio.”

  18. 78

    UFU 2014

    Texto I    Joaquim Barbosa anunciou que pretende renunciar ao Supremo Tribunal Federal e, sobre isso, distribuiu nota oficial que deve ser lida nas entrelinhas.   Ele mascara a decisão anunciada. Inicialmente, com certa presunção, diz “que não é candidato a presidente nas eleições de 2014” e reitera, aos 59 anos, o desejo de “não permanecer no Supremo até a idade de 70 anos”. Não define, porém, o momento da saída.   Texto II    Para entender ações e reações do presidente do Supremo, é preciso cautela. Note-se que ele descarta a disputa pela Presidência “nas eleições de 2014”. Ou seja, ele admite que pode ser um nome para a eleição de 2018. Talvez, por isso, não tenha bloqueado a opção pela política no comunicado oficial.   Para tanto, Joaquim Barbosa precisará construir o caminho. Certamente, a partir do Rio de Janeiro, onde mora e transita sob aplausos de eleitores da zona sul.    O esfingético presidente do STF tem até o mês de abril para decidir se aceita um dos convites que recebeu para disputar o Senado. MOSSO, Andante. Carta Capital, São Paulo, ano 20, n. 788, p. 17, fev. 2014.   Há algum tempo, cogita-se, no meio jornalístico, a possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, concorrer às próximas eleições para presidente da República. Nos textos que tratam desse assunto, as aspas

  19. 79

    PUC-RS 2010

    Para os povos modernos, mito e História são considerados  duas  coisas  distintas.  Para  o  dito homem primitivo, porém, ambos pertencem à mesma esfera: a salva-guarda da memória. “A mitologia possui um profundo significado para o ato de recordação. Um mito contém a História que é  preservada  na  memória  popular  e  que  ajuda  a trazer à vida camadas enterradas nas profundezas do espírito humano”, afirma o filósofo russo Nicolai Berdyaev (1874-1948). Em Mito e significado, Lévi-Strauss defende que nossa atual maneira de registrar o passado é simplesmente uma continuação do sistema anterior. “Não me parece improvável que a História tenha substituído a mitologia nas nossas sociedades e cumpra uma função idêntica, já que, para as sociedades sem escrita e sem arquivos, a finalidade da mitologia é garantir que o futuro permaneça fiel ao passado.”   Nas culturas tradicionais, lembra o mitólogo J. F. Bierlein, tudo o que acontece na vida das pessoas é apenas uma repetição de eventos que ocorreram nos mitos. Nesses contextos, a História, de acordo com o sentido atual da palavra – atos específicos e únicos de pessoas vivas e mortas –, pode até ser abolida, porque o mito é percebido como infinitamente mais significativo do que qualquer experiência humana.  Para o antropólogo Everardo Rocha, “o mito é, sobretudo, uma forma de consolo coletivo. É por meio dele que o homem busca uma origem para si, para sua cultura e para seu possível destino após a morte. A maioria dos mitos, se reduzida à essência, trata de vida, morte, nascimento e renovação. São as grandes questões sem resposta para a humanidade, por isso se repetem” Revista Galileu, março 2004, p. 49-50. (fragmento adaptado) A afirmativa INCORRETA quanto ao uso dos sinais de pontuação no texto é:

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