PUC-RS 2010

1. A coragem (...) só se torna uma virtude quando a
2. serviço de outrem ou de uma causa geral e generosa.
3. Como traço de caráter, a coragem é, sobretudo, uma
4. fraca sensibilidade ao medo, seja por ele ser pouco
5. sentido, seja por ser bem suportado, ou até provocar
6. prazer. É a coragem dos estouvados, dos brigões ou
7. dos impávidos, a coragem dos “durões”, como se diz
8. em nossos filmes policiais, e todos sabem que a virtu-
9. de pode não ter nada a ver com ela.
10. Isso quer dizer que ela é, do ponto de vista moral,
11. totalmente indiferente? Não é tão simples assim. Mês-
12. mo numa situação em que eu agiria apenas por egoís-
13. mo, pode-se estimar que a ação generosa (por exem-
14. plo, o combate contra um agressor, em vez da súplica)
15. manifestará maior domínio, maior dignidade, maior li-
16. berdade, qualidades moralmente significativas e que
17. darão à coragem, como que por retroação, algo de seu
18. valor: sem ser sempre moral, em sua essência, a cora-
19. gem é aquilo sem o que, não há dúvida, qualquer moral
20. seria impossível ou sem efeito. Alguém que se entre-
21. gasse totalmente ao medo que lugar poderia deixar aos
22. seus deveres? (...) O medo é egoísta. A covardia é ego-
23. ísta. (...) Como virtude, ao contrário, a coragem supõe
24. sempre uma forma de desinteresse, de altruísmo ou de
25. generosidade. Ela não exclui, sem dúvida, uma certa
26. insensibilidade ao medo, até mesmo um gosto por ele.
27. Mas não os supõe necessariamente. Essa coragem não
28. é a ausência do medo, é a capacidade de superá-lo,
29. quando ele existe, por uma vontade mais forte e mais
30. generosa. Já não é (ou já não é apenas) fisiologia, é
31. força de alma, diante do perigo. Já não é uma paixão, é
32. uma virtude, é a condição de todas. Já não é a cora-
33. gem dos durões, é a coragem dos doces, e dos heróis.


INSTRUÇÃO: Para responder, considerar o que é solicitado e os itens numerados de 1 a 4.

Quanto ao emprego de pronomes no texto, afirma-se:


1. O “ela”, na linha 10, retoma “virtude” (linhas 08 e 09).
2. Quanto ao sentido, o “eu”, na linha 12, tem valor equivalente ao de “alguém”, na linha 20.
3. A palavra “algo”, na linha 17, poderia ser substituída pela expressão “um pouco”, sem prejuízo à coerência e à correção do texto.
4. O “os” da linha 27 retoma “desinteresses”, “altruísmo” e “generosidade” (linhas 24 e 25).


Estão corretas apenas as afirmativas

Escolha uma das alternativas.