UNB 2013

1 Há mais de cem anos, a escravidão foi abolida do
Brasil. O documentário Atlântico Negro — na Rota dos
Orixás focaliza as relações culturais África-Brasil, motivadas
4 pelo tráfico de escravos.
O diretor do filme, Renato Barbieri, evitou os clichês
turísticos dos documentários usuais sobre o tema, que se
7 concentram no candomblé e na capoeira da Bahia, e mergulhou
na cultura vodu, que, originária do antigo Daomé (hoje Benin),
se enraizou principalmente no Maranhão.
10 O culto dos orixás do candomblé — também surgido
no Daomé — é abordado no contexto amplo das relações
culturais entre os dois continentes, e não como fenômeno
13 isolado. Uma das novidades do filme, aliás, é mostrar essas
relações como um processo de mão dupla: não só houve
influência africana na cultura brasileira, como também o inverso.
16 O documentário vai ao atual Benin e rastreia o que
ficou da passagem dos negros brasileiros que para lá voltaram,
levando consigo costumes luso-brasileiros, entre eles, a religião
19 católica, que passou a conviver com os antigos cultos
jeje-daomeanos e o islamismo. Um dos achados do filme é o
diálogo, por meio de vídeo, entre dois sacerdotes vodus, um do
22 Maranhão e o outro do Benin.
O filme participou do Festival de Cannes em 1999, na
mostra Noir-Black-Negro, cujo tema era o mundo dos negros.

José Geraldo Couto. Folha de S. Paulo, maio/1999, Folha Ilustrada, 4.º caderno, p. 113 (com adaptações).

 

A oração iniciada pelo pronome “que” (R.8) está isolada por vírgula porque tem natureza

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