G1 - IFSUL 2017

Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Onde mora sua muiteza?

A infância é um lugar complexo. Para quem já cresceu, foi aquele espaço em que moramos quando ainda não tínhamos muita memória. Aqueles dias e noites que se sucediam sem grandes planos em um corpo que mudava diariamente. Muito grande. Muito pequeno. Muito alto. Muito baixo.
Quando criança, entediada, 1Alice seguiu um coelho até sua toca e lá se viu em um espaço totalmente novo. Um espaço onírico que reproduzia suas ansiedades e ensinava-lhe a buscar dentro de si mesma recursos que lhe permitissem seguir em frente. Tentando fazer sentido do espaço onde se encontrava, Alice foi protagonista de uma experiência fantástica de descoberta. Ela descobriu que viver não é fácil, às vezes a vida é um jogo, mas mesmo assim vale a pena.
2Anos mais tarde, já adulta, prestes a embarcar em um casamento arranjado, com um noivo patético, Alice se deixa conduzir novamente a esse espaço que lhe é familiar, mas do qual não lembra quase nada. 3É um lugar que fica no jardim, no buraco de uma árvore e, pasmem, onde mora um coelho de cartola e relógio!
4É lá que ela, lembrando aos poucos de que já os conhecia, encontra velhos amigos que são rápidos em tecer críticas a seu respeito, dizendo, inclusive, que ela é a Alice “errada”. 5Mas é a crítica do Chapeleiro Maluco que a atinge em cheio: você não é a mesma de antes, você era muito mais “muita”, 6você perdeu sua muiteza. Lá dentro. Falta alguma coisa. De todas as coisas que Alice esqueceu de compreender desse lugar, talvez essa seja a que faça mais sentido. 7Talvez isso explique tudo. Talvez tenha sido isso que ela fora até lá buscar.
A criança que fomos ocupa um espaço dentro de nós, nesse acúmulo de experiências que é a vida. 8É nesse espaço que guardamos os joelhos ralados, as descobertas, os medos, a alegria e a força que nos impulsiona para a frente. Há espaços mais sombrios, outros mais claros. Muitos de nós já esqueceram o caminho para esse lugar. Estamos ocupados demais com as coisas grandes para tentar encontrar uma toca de coelho que nos leve para dentro da terra. Então vivemos assim, sempre muito ocupados, sempre muito atrasados, com coisas sérias e importantes a fazer. E vagamos. 9Vagamos pelo mundo com alguma coisa faltando. Lá dentro.
É na infância que mora a nossa muiteza. E é para lá que devemos voltar para encontrá-la, sempre que essa pantomima a qual chamamos de vida adulta nos puxa e empurra forte demais.

LHULLIER, Luciana. Onde mora sua muiteza? In: No coração da floresta (blog). 08 out. 2013 (adaptado). Original disponível em: .
Acesso: 05 ago. 2016.


Vocabulário:
Onírico: de sonho e/ou relativo a sonho.
Pantomima: representação teatral baseada na mímica (ou seja, em gestos corporais); por extensão, situação falsa, representação, ilusão, fraude.
Patético: que provoca sentimento de piedade ou tristeza; indivíduo digno da piedade alheia.


Observe que, no trecho abaixo, retirado do texto, as formas verbais destacadas apresentam uma correlação, entre os tempos e os modos verbais, adequada à norma culta:

“Anos mais tarde, já adulta, prestes a embarcar em um casamento arranjado, com um noivo patético, Alice se deixa conduzir novamente a esse espaço que lhe é familiar, mas do qual não lembra quase nada.” (referência 2)

Agora, atente para o fato de que o mesmo trecho poderia ser reescrito, estabelecendo-se outra correlação verbal, igualmente adequada à norma culta:

Anos mais tarde, já adulta, prestes a embarcar em um casamento arranjado, com um noivo patético, Alice se deixou conduzir novamente a esse espaço que lhe __________ familiar, mas do qual não __________ quase nada.

As formas verbais que preenchem corretamente as lacunas são

Escolha uma das alternativas.