IBMECRJ 2009

O texto a seguir foi retirado da obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas. Esse romance completou, em agosto de 2008, 70 anos de sua primeira publicação. É narrado em 3a pessoa (ao contrário das obras anteriores de Graciliano) e pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos.

            Fabiano, uma coisa da fazenda, 1um triste, seria despedido quando menos esperasse. Ao ser contratado, recebera o cavalo de fábrica, peneiras, gibão, guarda-peito e sapatões 3de couro, mas ao sair largaria tudo ao vaqueiro 7que o substituísse.
            Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Doidice.

            Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem.
            Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teria meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa amarrada, dormiriam bem debaixo de um pau.
            Olhou a caatinga 4amarela, 5que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta 2verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera.
            E antes de se entender, antes de nascer, 8sucedera o mesmo - anos bons, misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando 6seixos 9com as alpercatas - ela se avizinhando 10a galope, com vontade de matá-lo.

(Vidas Secas - Graciliano Ramos)

Pode-se dizer do romance, "Vidas Secas", de onde o texto foi retirado, que é uma grande obra:

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