UEA 2014

Tapuia

As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
com ciúmes do sol.

E a tua carne triste se desabotoa nos seios,
recém-chegados do fundo das selvas.

Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas.

No teu corpo longo
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.

O mato acorda no teu sangue
sonhos de tribos desaparecidas
– filha de raças anônimas
que se misturaram em grandes adultérios!

E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,
que teus antepassados te deixaram de herança.

O vento desarruma os teus cabelos soltos
e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o rio te chama
e então te entregas à água preguiçosamente,
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.

(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.)

A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. Essa figura ocorre no verso:

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