ENEM (Segunda aplicação) 2016

Anoitecer

A Dolores

É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo
desta hora tenho medo.

[...]

É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz – morte – mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.

Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo
desta hora, sim, tenho medo.

ANDRADE, C. D. A rosa do povo.Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).

 

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povorevela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

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