UEL 2007

As questões refere-se ao texto extraído do capítulo IX da obra O Crime do Padre Amaro (1880), de Eça de Queirós (1845-1900).

Então, passeando excitado pelo quarto, levava as suas acusações mais longe, contra o Celibato e a Igreja: por que proibia ela aos seus sacerdotes, homens vivendo entre homens, a satisfação mais natural, que até têm os animais? Quem imagina que desde que um velho bispo diz “serás casto” a um homem novo e forte, o seu sangue vai subitamente esfriar-se? E que uma palavra latina — accedo — dita a tremer pelo seminarista assustado, será o bastante para conter para sempre a rebelião formidável do corpo? E quem inventou isso? Um concílio de bispos decrépitos, vindos do fundo dos seus claustros, da paz da suas escolas, mirrados como pergaminhos, inúteis como eunucos! Que sabiam eles da Natureza e das suas tentações? Que viessem ali duas, três horas para o pé da Ameliazinha, e veriam, sob a sua capa de santidade, começar a revoltar-se-lhes o desejo! Tudo se ilude e se evita, menos o amor! E se ele é fatal, por que impediram então que o padre o sinta, o realize com pureza e com dignidade? É melhor talvez que o vá procurar pelas vielas obscenas! — Porque a carne é fraca!

QUEIRÓS, E. Obra Completa. 2 vols. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1970. 1:326.

Esse trecho é o pensamento do Padre Amaro Vieira, protagonista do romance. Observa-se que, nesse texto, o escritor registra:

Escolha uma das alternativas.