ESPM 2017

[...] o professor e escritor português Helder Macedo, que, no ensaio Camões e a viagem iniciática, irá contestar a teoria da castidade do poeta Camões, argumen­tando que o autor Luís de Camões, à frente do seu tempo, teria, na verdade, procurado e desenvolvido uma nova filosofia na qual os valores até então inconciliáveis do ho­mem (o corpo e a alma) pudessem, na sua poesia, finalmente se combinar.

Ora, Camões estava, sim, inserido numa Europa quinhentista, que ainda apre­sentava como grandes ícones poéticos os renascentistas italianos Dante e Petrarca, que, como dissemos, eram defensores do amor não carnal e em cujos versos a figura feminina era via de regra vista como sím­bolo de pureza. Entretanto, se estes dois poetas aprovisionam o seu fazer poético de um caráter platônico indubitável (e não o fazem apenas na arte, mas também na vida, haja vista as biográficas paixões inalcançá­veis que estes nutriam pelas mulheres que se tornariam as suas respectivas musas po­éticas: Beatriz e Laura), a mesma certeza não se pode ter em relação ao poeta por­tuguês. Isto porque viver na Europa qui­nhentista não faz necessariamente de Luís de Camões um quinhentista genuíno, no sentido ideológico e não temporal da pa­lavra, não insere obrigatoriamente Camões no pensamento do seu tempo, a coadunar, parcial ou totalmente, com a visão de mun­do vigente. E serão estas duas possibilida­des, estes inegociáveis estar e não estar camonianos em sua época, que provocarão as dubiedades semânticas que podemos observar com frequência nas leituras críti­cas de sua poesia.

 

Marcelo Pacheco Soares, Camões & Camões ou Pede o desejo, Camões, que vos leia. .

 

Baseando-se estritamente no ponto de vista teorizado no texto acima (e não no sentido amplo da obra camoniana), Camões pode­ria ser vinculado a uma das definições abai­xo, que caracterizam períodos da História da Literatura.

Assinale-a:

Escolha uma das alternativas.