Consumo e consumismo: entenda seus papéis na Geografia

A sociedade contemporânea tem várias marcas distintivas, como as tecnologias de transporte, de comunicação e tantas outras. Outro ponto que salta aos olhos, porém, é o da diferença entre consumo e consumismo, como algo preocupante.

Consumo e consumismo: entenda seus papéis na Geografia

A sociedade contemporânea tem várias marcas distintivas, como as tecnologias de transporte, de comunicação e tantas outras. Outro ponto que salta aos olhos, porém, é o da diferença entre consumo e consumismo, como algo preocupante.

O consumo nada mais é do que o esforço empregado na aquisição de um produto ou bem do qual a pessoa precisa para sua sobrevivência ou para seu conforto, de modo relativamente supérfluo, mas não excessivo.

Já o consumismo remete a um conceito negativo e preocupante, cujo fenômeno se caracteriza pela aquisição inteiramente supérflua e excessiva de produtos. 

Hoje ele é estudado de maneira interdisciplinar, graças à sua natureza múltipla.

Assim, embora convirja para fatores psicológicos e seja um tema típico da crítica cultural, em uma escola ensino fundamental ele pode ser abordado pela Sociologia e até pela Geografia, no sentido do convívio nos espaços urbanos e das dinâmicas sociais.

De fato, é um pouco inverossímil imaginar uma pessoa padecendo do problema do consumismo em um espaço eminentemente rural. 

Sobretudo, naqueles que ainda estão limitados em termos de infraestrutura básica, como água e luz.

Por isso, é que o fenômeno é visto especialmente nas metrópoles e acaba sendo fortemente associado a elas. 

Também por isso, a Geografia pode contribuir tanto para esse debate e para uma melhor compreensão do tema.

Outro aspecto fundamental é do consumo inconsciente, que deixa de considerar fatores ambientais e até sociais, como mão de obra abusiva.

Para dar um exemplo positivo, imagine uma fábrica internacional de uniformes profissionais. Certamente, sendo comprometida com a questão social, ela vai prestar contas sobre como se dá sua manufatura em países subdesenvolvidos.

Porém, há muitas empresas que não apenas ignoram as causas sociais e ambientais, como estimulam um tipo de marketing e publicidade que leva quase que invariavelmente ao consumismo, sem se preocupar com os efeitos psicológicos disso.

Efeitos que, mesmo sendo psicológicos e portanto individuais, ainda assim vão acarretar consequências sociais que impactam a todos. 

Aí é que entra, novamente, o espaço urbano e a dinâmica estudada pela Geografia.

Também por isso decidimos escrever este artigo, aprofundado o tema e explicando melhor como se dá a relação entre essas categorias. 

Lembrando que esses temas costumam cair em muitas provas escolares, vestibulares e até concursos.

Portanto, se você quer entender de uma vez por todas a diferença essencial entre consumo, consumismo e a convergência disso para a Geografia, basta pegar um caderno de anotacoes personalizado e seguir adiante na leitura.

Meninas elegantes e elegantes na rua com sacolas de compras Foto gratuita

Visão histórica de consumo

O desenvolvimento da Sociologia, tal como a entendemos hoje, se deu com Émile Durkheim, que viveu entre os anos 1858 e 1917, que foram anos de grande turbulência social.

Por isso mesmo, esse pensador francês teve a oportunidade de unificar seus conhecimentos em Filosofia, Psicologia, Antropologia e até em Ciências Políticas, desenvolvendo assim a Ciência Sociológica.

De cara, uma das preocupações dessa ciência foi a questão do consumo, sobretudo no sentido mais imediato das necessidades básicas de sobrevivência.

Aliás, um dos pontos de turbulência que o fundador da Sociologia testemunhou foi o das consequências da Revolução Industrial, que tinha se consagrado alguns anos antes do nascimento dele, e que mudaram para sempre nossa visão de “consumo”.

Hoje podemos entrar em uma loja e comprar um computador completo de maneira facilitada, inclusive com acesso a créditos e parcelamentos.

Porém, ainda no século XIX a Revolução Industrial espalhava uma contradição muito grave: por um lado o aumento de bens e produtos para consumo, por outro lado uma miséria crescente que impedia que os funcionários comprassem o que eles próprios produziam.

Aspecto essencial de consumo

A contextualização histórica feita acima nos ajuda a entender melhor o que é o consumo enquanto fenômeno eminentemente social, tanto que hoje é comum ouvir falar que vivemos em uma “sociedade de consumo”.

Como vimos na introdução, trata-se da carência que cada indivíduo tem por produtos e serviços que mantenham sua sobrevivência e um conforto básico, que seja compatível com a dignidade humana.

Portanto, mesmo que os padrões de consumo possam variar de tempos em tempos, os elementos essenciais sempre serão os mesmos:

  • Alimentação básica;
  • Higiene e saúde;
  • Roupas e acessórios;
  • Habitação e moradia.

O que não quer dizer que outros elementos essenciais como educação e segurança não possam se tornar um serviço de consumo, mais acessível a uns do que a outros.

Por exemplo, uma creche e pre escola pode ser um artigo de luxo em alguns países ou cidades mais carentes.

Ao mesmo tempo em que se torna um investimento básico e de alto valor agregado em outras localidades.

Também é nesse sentido que a Geografia faz intercessões com a noção de consumo, e nos ajuda a contextualizar melhor esse fenômeno tão básico para cada um de nós. 

Além do mais, ela é fundamental para entendermos o consumismo como um fenômeno preocupante, conforme ficará claro adiante.

Por dentro do consumismo

Como já referido antes, o consumismo é um fenômeno que extrapola todas as exigências básicas do consumo por questão de sobrevivência ou de conforto racional.

O que ele insere no debate antropológico e até geográfico é uma nova dinâmica psicossocial, que diz respeito a artigos de luxo como um diferenciador social.

Sendo assim, além do prazer excessivo, o consumismo pode indicar uma tentativa de diferenciação ou ascensão social.

Com ele a pessoa consumista pode tentar criar uma identidade social que atue mais ou menos com uma “máscara”.

Isso também coloca um ponto interessante: a subjetividade do conceito, já que o mesmo artigo pode ser comprado por consumismo ou por necessidade natural, dependendo de quem empreende o ato, e sob quais circunstâncias.

Por exemplo, comprar gerador a gasolina pode ser uma necessidade básica de uma pessoa cujo bairro tem problema frequente de queda de luz.

Já em outras circunstâncias pode ser um ato consumista, caso o comprador tenha se deixado levar por uma promoção maluca que ele simplesmente viu passar na televisão.

Uma régua praticamente infalível para detectar o consumismo e diferenciá-lo do consumo natural, é a da necessidade de aplicação.

Se com uma pessoa o gerador vai ficar parado na garagem, sem nenhuma função, isso indica fortes indícios de consumismos. Já se a aplicação é recorrente, temos o oposto.

Entenda a “régua geográfica”

Se a régua da utilidade de um bem ou produto é quase infalível para diagnosticar o consumismo, existe outra igualmente assertiva, que é justamente a da Geografia.

Geralmente vemos essa ciência ou disciplina como sendo aquela que estuda a superfície terrestre, bem como os fenômenos que ocorrem nessa paisagem como um todo.

Porém, há um aspecto muito interessante da Geografia que é o do estudo da relação recíproca que ocorre entre esse meio ambiente e o próprio ser humano.

De fato, essa disciplina se chama Geografia Humana, dando todo um colorido às noções de território, região, habitat e inter-relações da sociedade com o espaço geográfico.

Por isso, quem quer entender melhor o consumismo, ou simplesmente está estudando o assunto, pode voltar para o caderno brochura personalizado e anotar alguns termos essenciais, tais como:

  • Geografia humanista;
  • Geografia comportamental;
  • Geografia crítica;
  • Geografia marxista.

Hoje existe até uma geografia quantitativa, que aliás tem tudo a ver com fatores socioeconômicos. 

Portanto, também pode ajudar a entender os fenômenos do consumismo e do consumo como um ato natural indispensável.

Sendo assim, quando falamos em “régua geográfica”, no mesmo sentido em que falamos acima sobre a “régua da utilidade” de consumo, nos referimos justamente à intercessão existente entre os três conceitos principais que estamos tratando aqui.

Isso é fundamental, pois o que se apresenta como consumismo em uma determinada localidade, pode não ter a mesma fenomenologia em outro local.

Se considerarmos que há pessoas morrendo de fome em vários países subdesenvolvidos (inclusive no Brasil esse fenômeno ainda acontece), fazer um churrasco no fim de semana pode ser visto como um ato de consumismo desenfreado.

Porém, sem a ponderação da “régua geográfica”, fica claro que esse juízo não passaria de um abuso dos termos, algo que passa longe de qualquer ciência, seja a sociológica ou a geográfica.

Outro ponto de vista

Embora seja comum atribuir a noção de consumismo ao “capitalismo” de modo genérico, ou mesmo à escola liberal de economia, esta escola também é contra o consumismo.

Um dos principais teóricos dela é Ludwig Von Mises, famoso integrante da Escola Austríaca de pensamento econômico. 

Ele dizia que o que gera riqueza não é redobrar o consumo, mas sim a produção.

Basta imaginar a oferta de algo como um controle de acesso biometrico. O que vai estimular esse segmento industrial é a compra desenfreada? Certamente não, pois sem a produção que antecede as vendas a economia seria insustentável.

Assim, também o liberalismo vê o consumismo como algo geralmente negativo, não raro disseminado por políticas de Estado, como pacotes de estímulo e créditos facilitados.

Porém, ele também considera que há um aspecto positivo ou relativo no consumismo. 

Como o estímulo aos avanços tecnológicos, já que sem isso o ser humano não teria razões para melhorar os produtos e serviços comercializados.

Considerações finais

Esse assunto é fascinante e pode criar debates infinitos. O mais importante aqui é entendermos a diferença essencial entre consumo e consumismo.

Além disso, a convergência ou intercessão entre isso e a Geografia Humana também é importante, seja para curiosos ou para estudantes do assunto.

Com isso chegamos ao fim, certos de que os conceitos e exemplos que demos acima tornam mais fácil compreender esse tema tão urgente nos dias de hoje.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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